Pelos idos de 1973, cinco amigos, hoje todos padres, fomos de Porto Alegre a Foz do Iguaçu num pequeno Volkswagen. Levamos bastante arroz, lingüiça e queijo para as refeições, que nós mesmos preparávamos. Já bastante Paraná adentro, acampamos no pátio de uma família rural. Sob o olhar curioso das crianças, preparamos nosso almoço. O cozinheiro de turno convidou: “O almoço está servido”!

O coordenador do grupo deu um pouco de comida ao gato da casa, brincando: “para testar se a comida não tem veneno”. Rimos bastante, invocamos a bênção de Deus e fizemos nossos pratos. Neste momento, a dona de casa veio gritando: “Não comam, não comam, o gato morreu”! Realmente, o belo animal jazia sem vida no pátio! Nós comentamos: sem a brincadeira, todos teríamos morrido! A mãe conjeturou: depois de muitos dias no calor do carro, a lingüiça estragou. E nos deu pão e banana.

Eu me lembrei de Bárbara Maix, fundadora das Irmãs do Imaculado Coração de Maria. Ela costumava repetir: “Deus cuida”.

Lembrei-me ainda de São Cipriano: “Aos que procuram o Reino e a justiça de Deus, ele promete dar tudo por acréscimo. Com efeito, tudo pertence a Deus: a quem possui Deus, nada lhe falta, se ele próprio não falta a Deus”.

O Catecismo Católico complementa: “A atitude correta consiste em entregar-se com confiança nas mãos da Providência no que tange o futuro”. Mas não deixa de alertar: “A imprevidência pode ser uma falta de responsabilidade” (Catecismo, nº 2115).

O Catecismo continua: “As pessoas podem entrar deliberadamente no plano divino pelas suas ações, pelas suas orações, mas também pelos seus sofrimentos” (nº 307).

Em geral as pessoas têm dificuldade de considerar o sofrimento como salutar, vinculado à obra da Providência. O apóstolo Paulo testemunha: “Agora me alegro de padecer por vós, de completar, a favor de seu corpo que é a Igreja, o que falta aos sofrimentos de Cristo” (Cl 1,24).

A suprema entrega foi feita pelo Salvador no alto da Cruz: “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito” (Lc 23, 46).

Imitemos a atitude de Jesus: confiar-nos de modo filial às mãos da Providência. Deus cuida.

Dom Aloísio Sinésio Bohn

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