A semente caiu em terra boa e deu fruto

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ) 

(Sl 64/65) 

15º Domingo do Tempo Comum 

 

Vamos caminhando para a metade do mês de julho, por isso, mesmo no dia de Nossa Senhora do Carmo, celebramos o 15º Domingo do Tempo Comum. Estamos chegando quase na metade desse tempo, que tem o total de 34 semanas. Somos chamados a cada domingo a ouvir o que o Senhor tem a nos falar e comungar do Seu Corpo e Sangue. Ao final de cada Santa Missa, somos enviados para anunciar a Palavra que ouvimos na Igreja para aqueles que ficaram em casa ou para aqueles que encontraremos ao longo da semana.  

A liturgia de hoje gira em torno da Palavra, sobre como podemos acolher em nosso coração a semente dessa Palavra lançada e como devemos fazer com que essa semente frutifique, para que a Palavra chegue ao coração de muitas pessoas. Devemos fazer com que a semente da Palavra de Deus caia em terreno bom, para que ela dê mais frutos. Para que isso aconteça, devemos estar com o coração aberto para acolher essa palavra e disponíveis para sair e anunciar o Evangelho.  

Somos chamados a sair da celebração colhendo os frutos das sementes do Reino de Deus e espalhar esses frutos onde estivermos. Os frutos do Reino de Deus são amor, paz, justiça e fraternidade. O mundo de hoje está sedento do anúncio da Palavra de Deus e, consequentemente, sedento de paz.  

Durante a celebração da Santa Missa, participamos de duas grandes mesas, a da Palavra e a da Eucaristia. A Palavra anunciada deve penetrar em nosso coração para que a exemplo dos discípulos de Emaús, o nosso coração possa arder e nossos olhos possam se abrir ao mistério da Eucaristia. Depois de nos alimentarmos dessas duas grandes mesas, estaremos aptos para anunciar o Evangelho e levar a Santa Eucaristia para aqueles que ficaram em casa.  

A primeira leitura da missa desse domingo é do Livro do Profeta Isaías (Is 55,10-11). Nesse trecho, o profeta Isaías fala a respeito da Palavra de Deus, que uma vez lançada sobre a terra, ela não volta vazia, mas a Palavra fecunda a terra e produz os frutos. Não devemos deixar morrer a semente da Palavra, mas fazer com que ela frutifique em nosso coração, em nossa casa e em nossa família. A família deve se edificar sob o alicerce da Palavra.  

O salmo responsorial é o 64 (65), que diz em seu refrão: “A semente caiu em terra boa e deu fruto”. Para que a semente dê fruto é preciso irriga-la e aduba-la, podemos fazer isso participando da Eucaristia, exercendo a caridade para com o próximo e rezando a Deus diariamente. Se não criarmos uma intimidade com Deus, através da oração, a semente da Palavra não produzirá frutos, pois é por meio da oração que entenderemos o que a Palavra quer nos dizer.  

A segunda leitura da missa desse domingo é da carta de São Paulo aos Romanos (Rm 8, 18-23). Paulo diz à comunidade que os sofrimentos que passamos nessa vida presente nem são comparados com a glória que viveremos no céu. Os cristãos são chamados a vivenciarem aqui na terra o Reino de Deus e tendo a esperança de viver esse Reino de maneira definitiva no céu. De fato, toda a criação aguarda ansiosamente o dia em que Cristo voltará em sua glória, julgará a cada um de acordo com a sua conduta e manifestará definitivamente o Reino de Deus. Mas enquanto isso não acontece, devemos fazer frutificar o Reino de Deus aqui na terra, para vivencia-lo de maneira plena no céu.  

O Evangelho desse domingo é de Mateus (Mt 13, 1-23). No Evangelho, Jesus se senta às margens do mar da Galileia e uma grande multidão se senta ao redor dele para ouvi-lo. Semelhante ao que fazemos em toda Eucaristia, sentamo-nos ao redor da mesa da Palavra e da Eucaristia para escutar o que o Senhor tem a nos dizer. Jesus, como sempre, ensina por meio de parábolas, Ele ensinava sentado, a posição dos grandes mestres e dos sacerdotes, enquanto a multidão atenta escutava. 

Jesus conta a parábola do semeador que saiu para semear. Aconteceu que, enquanto semeava, algumas sementes caíram pelo caminho, algumas dessas sementes foram comidas pelos pássaros, outras caíram em terreno pedregoso, onde não havia muita terra. Outras sementes caíram no meio dos espinhos, os espinhos cresceram e sufocaram as plantas. Porém, outras plantas caíram em terra boa e produziram frutos, a base de 100, de 60 e de 30 por semente. E Jesus acrescenta: quem tiver ouvidos para ouvir, ouça.  

Através dessa parábola que Jesus conta, podemos comparar a figura do semeador com Deus. Ele lança a semente da Palavra em nosso coração e temos que estar abertos para acolher essa Palavra. O nosso coração não pode ser um terreno pedregoso ou como espinheiros que vai sufocar essa Palavra. O nosso coração tem que ser terra boa, para poder acolher essa semente da Palavra e fazer com que essa semente produza frutos. A Palavra de Deus tem que ser semeada em nosso coração e temos que multiplicar essas sementes e fazer com que as sementes produzam frutos. Produziremos frutos a partir do momento em que acolhemos essa Palavra e depois saímos para anuncia-la para aqueles que ficaram em nossa casa, no trabalho, no bairro ou na escola.  

Celebremos com alegria esse 15º Domingo do Tempo Comum e acolhamos com alegria a Palavra do Senhor. A Palavra de Deus não pode entrar por um ouvido e sair pelo outro, mas ela tem que ser acolhida e fecundada em nosso coração, para que possamos anunciar essa Palavra aos irmãos. Que a partir da celebração de hoje possamos entender a nossa missão.  

Peçamos ao Espírito Santo o dom do entendimento e da sabedoria e que Ele nos explique todas as palavras. Amém.  

 

 

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