Em Roma, sempre após a comemoração dos fiéis defuntos, o Santo Padre tem o apropriado costume de rezar uma Santa Missa em memória dos Senhores Cardeais e bispos falecidos no último ano. É um costume que deveria ser implantado em nossas Dioceses, como na vizinha Diocese da Campanha, quando na manhã do último dia 03 de novembro, nosso venerável irmão Dom Frei Diamantino Prata de Carvalho, OFM, celebrou na Catedral de Santo Antônio, missa em sufrágio pelas almas de seus predecessores na Sé Campanhense e por todos os padres daquela bonita Igreja Particular já falecidos.
O Papa Bento XVI, presidindo a Santa Missa na Basílica Vaticana, no último dia 05 de novembro, falou do conceito do fim de nossas vidas terrenas, recordando que a dissolução do cenário deste mundo é inevitável, mas em compensação, recebemos a promessa de uma herança que não se corrompe, não se mancha e não se deteriora. Com propriedade, disse Bento XVI: “A vida é uma espera contínua e atenta, uma peregrinação rumo à vida eterna, o cumprimento final que dá sentido e plenitude ao nosso caminho terreno. Misteriosamente associados à paixão de Cristo, podemos fazer da nossa existência uma oferta apreciada pelo Senhor, um sacrifício voluntário de amor”. “Afinal – explicou o papa na homilia – nós estamos neste mundo de passagem”.
Ao relembrar os Cardeais e numerosos arcebispos e bispos falecidos no último ano o Papa Bento XVI vaticinou: “Nós os recordamos com carinho e agradecemos a Deus pelo bem que eles fizeram. Nestes venerados nossos irmãos, reconhecemos os servos citados na parábola evangélica: servos fiéis cujo patrão, ao retornar das núpcias, encontrou despertos e prontos; pastores que serviram a Igreja assegurando ao rebanho de Cristo os cuidados necessários; testemunhas do Evangelho, com diferentes dons e tarefas, demonstraram prudência e dedicação à causa do Reino de Deus”. “Bem sabemos, já que o vivemos no nosso caminho cotidiano, que são muitos os problemas e as dificuldades desta vida; há situações de sofrimento de dor, momentos que nos são difíceis de aceitar e compreender. Tudo isso – frisou Bento XVI – adquire valor e significado quando é considerado na perspectiva da eternidade”.
O papa concluiu a homilia afirmando que “toda provação, quando acolhida com paciência e perseverança, e oferecida ao Reino de Deus, retorna a nós como uma vantagem espiritual terrena, e principalmente, na nosso vida futura, no Céu”.
Realmente, o Papa tem razão, porque o amor, que encontrou a sua expressão mais sublime em Cristo, deve orientar a mossa vida de cada dia, apesar das dificuldades, apesar das provas. Sobre a terra, de fato, somos só viandantes, peregrinos em direção da pátria celeste.
A morte não pode nos inquietar. Mesmo tendo consciência de quanto possa ser doloroso separar-se dos entes queridos, devemos ter em mente que mesmo que isso ocorra, para nós que somos cristãos, a irmã morte é sempre iluminada pela esperança da imortalidade que vem do Cristo Ressuscitado, porque a ressurreição de Cristo é a esperança da nossa Ressurreição final.
Por mais que estejamos diante de situações de sofrimento, de perseguição, de dor, não apenas física, mas também espiritual, não devemos perder a esperança de Cristo venceu a morte e nos dá a vida plena. Se colocamos em prática os valores do Reino, perseverando no bem, a nossa fé, autenticamente purificada pelos sofrimentos, resplandecerá um dia na vida plena, em todo o seu esplendor, quando Cristo voltar glorioso.
Assim, ainda na oitava da comemoração dos fiéis defuntos, queremos conclamar a todos os cristãos a cultivarem a graça de rezar por aqueles que nos precederam na vida eterna, na esperança de que o bom exemplo leve nossos sucessores, um dia, rezarem pelo nosso destino que é a vida junto de Deus.