Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
A liturgia do 5º Domingo da Páscoa convida-nos a refletir sobre a nossa união a Cristo; e diz-nos que só unidos a Cristo temos acesso à vida verdadeira.
É preciso tempo para que se possa confiar naquele que antes perseguia. Essa é a situação de Saulo a chegar a Jerusalém. O seu furor na perseguição da nova comunidade o precede, gerando temor e apreensão. Uma figura se destaca, porém, para alcançar os corações: Barnabé(filho de profeta). Esse homem de Deus pôde testemunhar em favor aquele que será o grande colaborador da Igreja, a fim de que esta siga em paz e cresça no temor do Senhor(At 9,31).
O Evangelho(Jo 15,1-8) apresenta Jesus como “a verdadeira videira” que dá os frutos bons que Deus espera. Convida os discípulos a permanecerem unidos a Cristo, pois é d’Ele que eles recebem a vida plena. Se permanecerem em Cristo, os discípulos serão verdadeiras testemunhas no meio dos homens da vida e do amor de Deus. O Senhor Ressuscitado apresenta-se como uma videira. Ele produz vida; a vida tem sua origem nele e permanecerá sempre unida a Ele. A videira é símbolo da proximidade e do vínculo de unidade entre os que creem e o Senhor que nos dá a vida; vida doada em sua graça, comunicada por Ele em sua Ressurreição. A videira produz vida nova, enchendo nossos corações de alegria. Ele pede que não nos separemos dele, para que a Palavra possa permanecer e, assim, nos tornarmos verdadeiros discípulos e discípulas.
A primeira leitura(At 9,26-31) diz-nos que o cristão é membro de um corpo – o Corpo de Cristo. A sua vocação é seguir Cristo, integrado numa família de irmãos que partilha a mesma fé, percorrendo em conjunto o caminho do amor. É no diálogo e na partilha com os irmãos que a nossa fé nasce, cresce e amadurece e é na comunidade, unida por laços de amor e de fraternidade, que a nossa vocação se realiza plenamente. São Paulo por causa da sua vida pregressa de perseguidor encontra resistência para se integrar ao grupo dos discípulos. Graças a solidariedade de Barnabé, ele é apresentado aos apóstolos e estes são informados sobre a mudança de vida ocorrida no caminho de Damasco. As almas generosas presentes nas comunidade são capazes de evitar a exclusão de boa vontade.
A segunda leitura(1Jo 3,18-24) define o ser cristão como “acreditar em Jesus” e “amar-nos uns aos outros como Ele nos amou”. São esses os “frutos” que Deus espera de todos aqueles que estão unidos a Cristo, a “verdadeira videira”. Se praticarmos as obras do amor, temos a certeza de que estamos unidos a Cristo e que a vida de Cristo circula em nós. O autor está preocupado em saber se realmente o anúncio do Evangelho modificou a vida da comunidade. O critério primeiro é o amor, revelado com gestos concretos e não apenas com belas palavras, observando o mandamento que resume a fé cristã: acreditar em Jesus e viver o amor mútuo.
Jesus se apresenta como a verdadeira videira, com a qual é necessário estar em comunhão para produzir frutos. Graças a Palavra de Jesus, acolhida e compreendida, a comunidade dos discípulos e discípulos dará testemunho da presença dele no mundo e será prógida em frutos de amor e justiça! Unidos a Cristo, a Videira da qual recebemos a seiva que nutra a nossa vida cristã, tornemo-nos ramos vivos e férteis de amor e de bondade!