O Papa irá visitar, a partir desta segunda-feira até o próximo domingo, dois países da África: Camarões e Angola, para, como ele mesmo disse, “manifestar minha concreta proximidade e da Igreja aos cristãos e às populações daquele continente que me é particularmente querido”.
Nesta semana que passei em Roma, no Seminário do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, vi com entusiasmo a participação maciça dos países africanos em nossas reuniões, com interesse, intervenções e busca de soluções nessa prospectiva de olhar o futuro da humanidade e a nossa responsabilidade comunicacional diante disso.
A Igreja presente no mundo inteiro é de maneira especial visibilizada nessas reuniões internacionais, como nesse caso, em que éramos 83 países representados.
Neste ano acontecerá também o Sínodo dos Bispos sobre a África, com o tema: “A Igreja na África, ao serviço da reconciliação e da paz”, quando esse assunto tão importante para o mundo (basta ver a semelhança do tema com a nossa atual Campanha da Fraternidade) necessita ser aprofundado e principalmente vivido.
As guerras fratricidas ocorrem em todos os lugares, às vezes declaradas e outras vezes não, mas elas estão aí, onde os irmãos matam os irmãos! A humanidade ainda não aprendeu a Palavra que Jesus trouxe ao mundo; a palavra de perdão, de reconciliação e, principalmente, do “amai-vos uns aos outros”!
Vejo como a Igreja presente no mundo a serviço da humanidade e da verdade continua sua missão, apesar das dificuldades e, principalmente, da mudança de época em que hoje estamos vivendo. Essa mudança cultural que ocorre no Ocidente grande parte é levada adiante pela comunicação, que divulga uma filosofia hedonista, subjetivista e consumista. Porém, nós, Igreja, continuamos firmes na preocupação com a vida, a paz, a família e a reconciliação.
Estava justamente pensando nisso ao ver a quantidade de bispos e arcebispos africanos presentes em nosso Seminário, além dos demais continentes e países (também da China), discutindo o papel de um trabalho prospectivo, pensando em uma cultura de paz.
Este é um sinal que o mundo faz questão de não ver. O mundo esqueceu-se da África e agora, com a crise, isolou-a muito mais, deixando-a com as guerras, doenças e fome, ao contrário da Igreja, que deu uma atenção especial aos seus filhos na África e continua procurando construir a fraternidade através da pregação e da presença no social. Enquanto muitos governantes não conhecem a África e manifestam assombro ao conhecê-la, a Igreja continua enviando pessoas que, com sua disponibilidade, ajudaram e estão ajudando a África a caminhar melhor. Veja-se que tivemos dois cardeais africanos como presidentes de duas importantes congregações romanas (Liturgia e Bispos), além de tantos outros cargos.
Assim como a África necessita de paz e reconciliação, acredito que também nós no Brasil, em especial neste tempo da Quaresma, somos chamados a nos questionar sobre os passos que estamos dando para que a nossa atual Campanha da Fraternidade, sobre segurança pública, seja realmente uma proposta efetiva de paz como fruto de verdadeira justiça.
Porém, sabemos que a violência não é nosso privilégio – basta ver os últimos acontecimentos em países que não são classificados como problemáticos nas questões sociais de subsistência.
A Igreja trabalha universalmente, pensando e servindo a todos, buscando levar adiante com entusiasmo e coragem a mensagem do Cristo que veio para que “todos tenham vida e a tenham em plenitude”.
Apesar de toda propaganda contrária, a Igreja, perita em humanidade, continua a sua trajetória de estar comprometida com as pessoas e todas as nações, buscando levar vida para todos. Essa universalidade, mais do que um nome, é uma realidade para a nossa Igreja no interesse do bem comum e preocupada para que todos tenham vida em abundância.
Ao contemplarmos mais essa visita do Santo Padre à África nesses próximos dias, reflitamos também sobre a grande missão a ele confiada – de conduzir com firmeza o barco de Pedro nas turbulentas águas atuais.