É de suma conveniência, neste mês vocacional, que dediquemos uma atenção maior, mais profunda, a um tema que em nossos dias se reveste de aspectos
bastante significativos: nossa vocação à santidade!
A Constituição Dogmática “Lumem Gentium”, do Concílio Vaticano II, sobre a Igreja, dedicou um importante capítulo, o Cap. V, às reflexões sobre a “Vocação universal à santidade na Igreja”.
Ali lemos, entre outras, estas palavras: “Todos, pois, na Igreja, quer pertençam à Hierarquia ou sejam por ela conduzidos, são chamados à santidade, conforme a palavra do apóstolo: “A vontade de Deus é que sejam santos” (1ª Tes. 4,3). (LG.c.V, n.39). O próprio Senhor Jesus nos revela esta vontade do Pai quando falou aos discípulos: “Sejam perfeitos como é perfeito seu Pai, que está nos céus”: (Mt.5,48). A Constituição dogmática acima mencionada, assim se expressa: “Os seguidores de Cristo são santificados por Deus, não por suas obras, mas de acordo com o propósito e a graça daquele que os chamou e justificou no Senhor Jesus, tornando-os, pelo batismo da f&eacu te;, verdadeiros filhos de Deus e participantes da natureza divina” (id. nº 40).
O Apóstolo Paulo, numerosas vezes, em suas cartas, indica o florescimento das virtudes morais como fruto desta santidade operada em nós pelo Espírito Santo, através do qual o amor de Deus é derramado em nossos corações (cf. Rom.5,5). Sentimentos de compaixão, bondade, humildade, mansidão, paciência etc. germinam maravilhosamente nos corações que se abrem à presença do Senhor e de seu Espírito. O Concílio usa esta expressão bastante forte: “A santidade promove uma crescente humanização!” (LG. nº 40). Eis algo que passa despercebido para muitos cristãos nos tempos modernos: a virtude, dom de Deus, viabiliza, de modo tão simples, tão singelo, a humaniza&c cedil;ão do nosso agir, do nosso ser. O santo é alguém profundamente humano no seu modo de ser. Esta dimensão de humanidade, fruto da santidade, deve estar presente em todos os cristãos: Bispos, sacerdotes, Religiosos e Religiosas, Leigas consagradas, Esposos, jovens, em todos os fiéis leigos! Nossa cultura moderna, fria e individualista, cada vez mais avessa a Deus, vem criando relações muito pouco humanas entre as pessoas, entre os membros de uma mesma família, nos ambientes profissionais e até mesmo em comunidades religiosas… Daí a necessidade vital para nós, discípulos e missionários do Senhor, de escutar esta séria advertência do Concílio: “Fique bem claro, que todos os fiéis, qualquer que seja sua posição na Igreja ou na sociedade, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeiç&at ilde;o da caridade” (LG. nº40).
Pastores e Fiéis, todos sem exceção, temos a responsabilidade imensa de testemunhar, publicamente, um modo de ser e de agir penetrado pela santidade, que autentique nossa prática cristã, nosso culto, nosso agir evangelizador, a marca profunda e bela da humanidade de nossa vocação divina! E é claro que no coração mesmo desta humanidade está presente, necessariamente, o AMOR no sentido mais profundo da palavra. É a força deste amor que dá forma verdadeira, por assim dizer, ao humano em cada um de nós. É a força deste amor que nos leva a amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo por causa d’Ele. Somente por esta força se podem encontrar as soluções adequadas, as respostas justas para os graves e sofridos problemas da violência, da corrupção, das agressões à vida, das injustiças sociais, que tanto desfiguram milhares de seres humanos, filhos e filhas de Deus.
As reflexões sobre a vocação nos seus diversos aspectos e realizações concretas devem nos conduzir a um maior ardor na busca da santidade de vida, fruto do encontro pessoal com Aquele que é TUDO para nós, o Senhor Jesus.
Concluamos com estas palavras vibrantes do Documento de Aparecida: “não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva!” (Documento de Aparecida, nº12, citando as palavras de Bento XVI, na Carta Encíclica “Deus é Amor”).