Ação de graças pelo sacerdócio

Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo de Natal (RN)

 

 

            No último dia 01, na Catedral Metropolitana de Nossa Senhora da Apresentação, celebrei 48 anos de vida sacerdotal. É uma data especial para mim, de ação de graças ao bom Deus que, por sua graça, chamou-me à configuração ao sacerdócio de seu Filho, Jesus Cristo, pela ação do Espírito Santo. Foram ordenados no mesmo dia, o Pe. José Freitas Campos, pároco da Paróquia de São Sebastião, no Alecrim, e o Pe. Antônio Cassiano, que foi pároco da Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no bairro das Quintas, falecido no ano passado.

            Quero render graças e louvores a Deus por esta data. Ser sacerdote, presbítero, ordenado pela Igreja para o sacerdócio ministerial é uma graça muito grande. Reconheço que essa graça acontece, sem mérito algum de nossa parte, para o bem da Igreja, para o anúncio da salvação, para ser instrumento de reconciliação. Os presbíteros “são verdadeiros sacerdotes do Novo Testamento à imagem de Cristo, sacerdote sumo e eterno, para a pregação do Evangelho, o cuidado do rebanho e a celebração do culto” (CONCÍLIO VATICANO II. Constituição dogmática sobre a Igreja, Lumen gentium, 28). Esse ensinamento do Concílio ilumina a missão do presbítero, como sacerdote, profeta e rei, exercendo o chamado “sacerdócio ministerial”, a serviço do sacerdócio comum dos fiéis, condição de todos os batizados (cf. Lumen gentium, 10-11). Agradeço ao Senhor Deus por ter sido chamado à proclamação do Evangelho. De fato, o padre ou o bispo, não anuncia a sua palavra. A palavra que nós proclamamos é a Palavra de Deus, Palavra que se encarna e vem habitar entre nós (cf. Jo 1,14). Servindo à Palavra, anunciando-a, proclamando-a para os fiéis, o presbítero é chamado a deixar que a sua vida seja como uma encarnação da Palavra: à imagem de Cristo, Palavra eterna de Deus feito homem, o presbítero é arauto do Evangelho, é alguém que recebeu da Igreja a ordem de anunciar, proclamar a presença e atuação da Palavra de Deus na vida e na história dos homens e das mulheres.

            Mas, a palavra anunciada deve ser vivida. Por isso, o presbítero é chamado a ser “homem da caridade”. Não um ato isolado, não uma ação qualquer, mas ser homem da caridade significa ser amor pelos homens e mulheres, amor pelos mais necessitados, anunciador da bem-aventurança primeira, não só para dizer aos pobres que eles são amados por Deus, mas ser chamado à pobreza evangélica, isto é, ao reconhecimento de que é Deus a sua vida, a sua esperança, a sua verdadeira alegria. Ser servo pobre e para os pobres, parafraseando o Papa Francisco. A função de cuidar do rebanho, o ministério da caridade ao qual o padre é chamado, é um ato de reconhecimento da dignidade de cada batizado, mas também de cada homem e mulher de boa vontade.

            Por fim, chamado a celebrar o culto, quer significar que o padre vive, festeja e se santifica santificando os fiéis, na liturgia e de modo especial, na Eucaristia. Ser homem da liturgia, isto é, da celebração da fé, da festa da presença amorosa de nosso Deus, Pai bondoso e misericordioso, que se faz presente por meio de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo. A celebração da liturgia é um sinal de amor e de dedicação do presbítero ao seu rebanho, pois nela se faz presente o amor infinito de Deus, força e alimento para todos os que creem. Obrigado, Senhor, por ter-me feito teu sacerdote. Benditos sejam todos os que receberam a graça do chamado para servir-te e ao teu povo amado. Amém.

 

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