Dom Aldo Di Cillo Pagotto
O Ministério da Saúde (MS) decidiu instalar nas escolas as máquinas que entregam camisinhas. A garotada vai se divertir com os hormônios à flor da pele na adolescência. O MS afirmou que deve cobrir o sistema público de ensino. Cabe aqui a reflexão sobre o significado da relação sexual liberada pelo uso de uma camisa de látex. A sexualidade vincula-se à afetividade. Não se reduz ao uso dos órgãos genitais.
O exercício sexual deve se prover da sua finalidade: a reciprocidade do amor que se doa por inteiro, sem reservas, na constância fiel, livre, responsável, aberta à vida. Desprovido da finalidade afetiva e sexual, o ser humano exercita-se por puro instinto animal. O prazer de amar gera comunhão estável. O medo de amar e ser amado significa fechamento em si, ainda que seja uma masturbação a dois. Usa-se e depois se descarta.
A alegação do MS para botar esse expediente é a incidência do vírus HIV, que pode contaminar adolescentes e jovens de 13 a 19 anos. Será que os pais oferecem aos filhos alguma educação afetivo-sexual em casa? Será que os pais se interessam, procuram os diretores e professores para orientações e planejamentos nesse sentido?
A maioria dos pais não está nem aí. Sequer se informam sobre o processo pedagógico e o aproveitamento dos filhos junto à escola. Ademais, é comum o fato dos novos arranjos familiares. A escola deve arcar com tudo, sem infraestrutura para oferecer formação integral, acompanhada, avaliada. Isso, que se pressupõe, é exatamente o que falta.
Será que o MS precipitou-se diante do fato comprovado da iniciação precoce dos adolescentes? Eis mais uma razão para que os pais orientem os próprios filhos, tanto nessa dimensão quanto na educação integral. O maior obstáculo é a displicência desinteressada da parte dos pais! Sem orientação, os adolescentes serão induzidos à prática do sexo desprovido de significado de compromisso co-responsável.
Por trás da propaganda intensiva pela camisinha, a indústria do sexo fatura alto. Na sociedade mercantilista, sexo é um produto de consumo a mais. Num Estado de direito e de fato, a orientação para o legítimo e prazeroso exercício afetivo-sexual pauta-se por princípios éticos e morais sadios, sem falso moralismo. A ética e a moral orientam, não reprimem. A orientação soberana é o amor recíproco, leal, fiel, respeitoso, colaborador.
Com a máquina de camisinha na escola a garotada excitada vai se preocupar mais em fazer sexo do que se educar para o amor. A educação para o amor deveria ser conteúdo de ensino e aprendizado. Que os pais se certifiquem da realidade: seus filhos não vão se imunizar do vírus HIV por causa da camisinha. Vão ficar ansiosos à cata de alguém, como cobaia.
Pais: feliz Natal e ano bom com netinhos chegando e enchendo a casa. Ou então abortos adoidados com a banalização do sexo sem amor.
