Dom Leomar Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)
Começa um novo ano litúrgico durante o qual a Igreja nos guiará na celebração de todo o mistério de Cristo, Filho de Deus, Deus com o Pai, que veio entre os seres humanos para salvá-los. Um novo tempo sagrado para manter o olhar voltado para Jesus, sua vida e seu ensinamento.
Um tempo particularmente significativo para o caminho espiritual que cada cristão pretende empreender não só em vista do Natal, mas de todo o ano novo que o Senhor nos dá para começar na fé e na oração. O seu objetivo claro desde o início é apresentar a única pessoa que pode salvar a humanidade: Jesus, o Filho de Deus.
O advento marca um tempo novo perto do Natal, mas também alerta que todo tempo tende ao fim, mas se abre para algo novo. Termina o ano e começa outro. Para os seguidores de Cristo, as convulsões que precedem a sua vinda não devem ser motivo de terror, mas de esperança, porque são um prelúdio de um acontecimento que marcará o seu triunfo.
A redenção consistirá no pleno cumprimento das promessas feitas por Deus ao seu povo. Depois de ter previsto a vinda final do Filho do Homem, apresentando-a como acontecimento de redenção, o advento retoma o apelo à vigilância. «Tende cuidado para que os vossos corações não fiquem pesados com a dissipação, a embriaguez e as preocupações da vida e que esse dia não caia sobre vós inesperadamente; cairá como uma armadilha sobre todos os que vivem na face de toda a terra”.
O Advento, embora tenha a finalidade de nos acompanhar rumo à memória da primeira vinda de Jesus na carne, quando recordamos o amor de Deus que se fez próximo de cada ser humano Por isso, na alegria da memória da primeira vinda do Senhor, aguardamos com esperança a nova vinda, quando Jesus «virá julgar os vivos e os mortos e o seu reino não terá fim». São Cirilo de Jerusalém lembrou: «Anunciamos não só a primeira vinda de Cristo, mas também uma segunda muito mais bela que a primeira. A primeira, de fato, foi uma manifestação de sofrimento, a segunda usa o diadema da realeza divina; … na primeira foi submetido à humilhação da cruz, na segunda é rodeado e glorificado por uma multidão de anjos” (Catequese XV).
Poderíamos dizer que a nossa vida é toda Advento: a experiência de que a nossa vida é um encontro com Aquele que vem. Celebrar o Advento do Senhor, aguardando a sua vinda definitiva na nossa experiência pessoal e em toda a história da Criação, é celebrar a esperança e a liberdade que vem de Deus: esperança de salvação eterna em plena e definitiva comunhão com Ele, e libertação de toda limite moral e espiritual, próprio de quem ainda está a caminho do encontro final com o Pai.