África, sombras, luzes, esperanças

Realizou-se em Roma de 4 a 25 de outubro de 2009 o Sínodo para a África. Eram 244 bispos africanos, com Bento XVI e os demais assessores, que juntos rezaram, refletiram e apontaram esperanças para o Continente Africano.

  1. África, grande “pulmão espiritual”. Estas são palavras de Bento XVI a respeito da África, porém, o mundo exporta dois vírus que infectam a África: o materialismo e o fundamentalismo. Entenda-se: o consumismo e o radicalismo religioso. A Igreja na África quer ser uma “Igreja Familia” para alcançar a reconciliação, a justiça e a paz.
  2. A África tem um bilhão de habitantes. É o segundo mercado emergente do mundo, é também o segundo maior continente. Sérios estudiosos concluíram que a África é o berço da humanidade, a “mãe de todo os povos”. A África é uma potência espiritual, mineral, petrolífera e cultural. O Continente é rico, o povo é pobre. É um continente de oportunidades e desigualdades.
  3. O Patriarca Jacó desceu para a África; Jesus e a Sagrada Família, moraram na África; a Tradução da Bíblia foi feita em Alexandria (África), Felipe, apóstolo de Jesus, batizou o etíope, eunuco da rainha da Candace. Santo Agostinho, Tertuliano, Cipriano, Atanásio, são africanos. A Igreja da África tem seus mártires e seu santos dentre eles: Santo Agostinho, São Carlos Lwanga, S. Matias Kalemba, S. Josefina Bakhita. Portanto, não é uma “Igreja de Segunda Categoria”, mas, berço de vocações que envia missionários para o mundo.
  4. O catolicismo cresce na África, mas, outras religiões são fortes e agressivas. Eis as religiões mais influentes: o islamismo, a religião africana tradicional, a feitiçaria e bruxaria, os pentecostais, as Igrejas Independentes, os ortodoxos e os sem religião. Daí a necessidade da evangelização, da unidade eclesial e do diálogo interreligioso e ecumênico.
  5. A África é saqueada pelas multinacionais e as indústrias de extração de minérios, exploração de petróleo, depredação do meio-ambiente, aquecimento global. Os políticos facilitam a exploração de minérios e assim uns enriquecem e a maioria do povo vive na miséria e na fome. Este estado de coisas fomenta as guerras internas e promove a migração do povo. Avidez e fome, riqueza e miséria convivem na África de modo escandaloso e aviltante. Os países ricos devem rever suas políticas de colonização. A Igreja está com os pobres.
  6. A política na África é marcada pela corrupção, pelas ditaduras, pelo tráfico de armas, de mulheres e de crianças soldado. Muitos políticos e governantes são despreparados. Quarnta milhões peregrinam no interior do continente, além da migração clandestina. São os deslocados, os refugiados e os asilados. Por outro lado, falta consciência crítica e educação cívica e política por parte do povo. O Sínodo se propôs a educar o povo e a preparar os políticos, sem esquecer o profetismo corajoso.
  7. O flagelo das epidemias se abate sobre a África: AIDS, malária, epilepsia, doenças mentais, mortalidade infantil e materna são mais agressivas. As guerras, a fome, a pobreza, a feitiçaria agravam ainda mais a situação como também a falta de água e pastagens em muitas regiões. A Fundação Bom Samaritano criada em 2001 pela Santa Sé ajuda os portadores de AIDS e seus familiares. A Fundação para o Sahel (deserto) criada por João Paulo II em 1984 ajuda na educação e promoção humana de nove países que pertencem ao Sahel. São gestos solidários da Santa Sé para com a África. O Estado que mais ajuda a África é o Vaticano.
  8. A Igreja na África está do lado dos pobres, organizou as Comissões de Justiça e Paz, fomenta os grupos bíblicos de reflexão, ensina o perdão e a reconciliação, é rica em vocações e missionários. O Sínodo trouxe novas esperanças como: educar o povo na Doutrina Social da Igreja, incentivar o ecumenismo e o diálogo interreligioso, organizar a Caritas, propiciar mais comunhão entre as Conferencias Episcopais como disse um bispo: “um exército de formigas bem organizado é capaz de abater um elefante”. África, levanta-te e anda, eis a conclusão do Sínodo.

Tags:

leia também