Agir conforme a inspiração do Espírito Santo

Dom Severino Clasen
Arcebispo de Maringá (PR)

 

O equilíbrio de uma instituição passa pela idoneidade dos que lideram as pessoas nos seus devidos setores. A grande mobilidade nacional e internacional da Pastoral da Criança exercita, capacita, anima os milhares de líderes que têm a missão de visitar, ouvir, alertar, encaminhar as gestantes, as crianças e as famílias com filhos até os seis anos. Tempo importante para dar consistência aos pequenos que nascem e crescem no seio de um lar que deve ser harmonioso e equilibrado. É um caminhar rumo a uma vida harmoniosa, o maior dom que recebemos de Deus.

O povo antigo seguia as orientações do Senhor Deus em busca da terra prometida. Muitos percalços desafiavam a rotina diária, sem perder o rumo, a meta, o objetivo. A persistência é a arte da superação que garante o sucesso, a meta a ser alcançada. “Eu que conheço suas obras e seus pensamentos, virei para reunir todos os povos e línguas; eles virão e verão minha glória” (Is 66,18). A fé do povo antigo deixou marcas da presença iluminadora de Deus que conduziu pelos caminhos tortuosos e retos sem perder a direção da paz e da justiça.

Como os pais têm a missão de corrigir, apontar novos métodos eficazes para uma verdadeira educação e satisfação harmoniosa no crescimento humano, a Sagrada Escritura nos aponta a seta do ajuste enquanto crescemos e nos desenvolvemos na vida: “Já esquecestes as palavras de encorajamento que vos foram dirigidas como a filhos: ‘Meu filho, não desprezes a educação do Senhor, não te desanimes quando ele te repreende; pois o Senhor corrige a quem ele ama e castiga a quem aceita como filho’” (Hb 12,5-6). Assim como ouvimos depoimentos de líderes na Pastoral da Criança, as pastorais comprometidas com a verdadeira evangelização sofrem os impactos de uma sociedade que deseduca seu s filhos e filhas, criando monstros para um futuro cada vez mais frágil e adoecido. A modernidade não está conseguindo dar respostas positivas para a verdadeira educação das gerações atuais.

A busca desordenada da própria satisfação de vida, sem levar em consideração a alteridade, conduz as pessoas para o intimismo, desconhecendo a importância dos semelhantes, formando culturas desagregadas, sem limites e sem a educação adequada. O modelo de trabalho, profissão, a labuta, a distância dos progenitores das crianças, deixando-as excessivamente diante das telas (celulares, tablets etc.), configurando a educação das novas gerações sem a atenção necessária, sem o afeto, sem o afago tão necessários na formação da personalidade, dos comportamentos, do desnivelamento intelectual das novas gerações.

A pergunta de alguém no Evangelho quantos se salvam (Lc 13,22-30) é uma tentativa da busca de uma resposta individualizada, busca da justificativa das próprias convicções, a necessidade da legitimação dos próprios conceitos. Jesus não dá números, mas desafia a trilhar pelos caminhos reais que não são tão fáceis quanto desejamos. Superar-se é a virtude da conversão constante, da mudança, busca de novos horizontes, não deixar o desânimo tomar conta. Na vida temos situações adversas, é necessário fortalecer as raízes para que as intempéries não quebrem as relações conflitivas no mundo repleto de obstá culos.

A entronização no cultivo do verdadeiro espírito que conduz e anima a vida é seguir o Evangelho da alegria que motiva, promove a virtude da obediência, da escuta, da manifestação do belo que revela a sensibilidade humana, o cuidado pelas pessoas, o equilíbrio com a casa comum, a ecologia integrada, pois todos somos criaturas de Deus.

Preparemos líderes com a capacidade de escutar a voz do Senhor que nos conduz pelos caminhos da vida e sigamos a inspiração da verdade, fomentada pelo grande amor conduzido pelo Espírito Santo.

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