Ainda a Festa da Medalha

Os fiéis que participaram da última Missa no Santuário da Medalha no dia 27 de novembro tiveram o privilégio de assistir o belíssimo ato da coroação da imagem de Nossa Senhora pelas alunas do Colégio Nossa Senhora das Graças aqui da cidade.

Não é a 1ª vez que o Colégio do saudoso Professor Murilo, hoje nas mãos de Terezinha Hueb de Menezes, assume a incumbência de dramatizar, com arte e singular beleza, a coroação da imagem de Nossa Senhora da Medalha.

As dezesseis meninas vestidas de branco, com fitas azuis nos longos cabelos, entraram ao som da música, vagarosamente da porta até o altar. Duas outras, de azul, dançavam com arte e beleza, no espaço de presbitério, com gesticulação dos braços, conforme o ritmo da música, enquanto as de branco vinham entrando.

Bet, a professora, entrou com a imagem do menino Deus e, no alto dos degraus, erguendo a imagem pequenina do Menino Jesus tornou-se, como se fosse imóvel, o ponto central da cena.

Vestidos com longos hábitos, como monges, tochas acesas nas mãos, os três rapazes, entraram solenemente até perto da imagem, como se fossem os soturnos guardiães das duas meninas que iriam coroar a imagem.

No silêncio do auditório, Camila com rápidos passos e gestos expressivos declamou – invejável memória! – longo texto literariamente lindo do Professor Murilo, intitulado “Ave Maria”. Não foi uma declamadora estática, mas leve como uma pluma, deslizava pelo espaço, declamando as palavras do texto, com movimentos dos braços e do corpo. Ao terminar o texto, a coroa pousou vagarosamente na fronte da Imagem.  O povo aplaudiu delirantemente.

Para os que vivem a vida da Igreja, atos – como este da coroação da imagem no dia da festa – são eloqüentes e instrutivos. Eloqüentes, porque proclamam nossa fé na divindade de Cristo, cuja Mãe foi exornada de privilegiados dons: é imaculada, é “cheia de graças” (como a chamou o anjo), é zelosa pelo bem de todos (lembrar a cena de Caná) e membro ilustre da Igreja apostólica (como nos relatam os Atos dos Apóstolos na cena de Pentecostes).

Instrutivos também, tais atos e tais gestos, pois nos ensinam como cultuar a Mãe de Deus. Quem não gostaria de ver sua própria mãe cercada de carinho e respeito? Seria diferente com Jesus?

Penso que uma festa religiosa como esta, aqui comentada, nos ajuda a viver a nossa fé em nosso Deus, que nos enviou seu Filho feito homem para nos instruir e salvar. Pois este Filho, na hora suprema da morte, no-la deu por Mãe: “Eis aí tua mãe” (Jo 19, 27).

Dom Benedicto de Ulhôa Vieira

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