Bispo de Frederico Westphalen (RS)
O 3º Domingo do Advento, conhecido como Domingo Gaudete — que significa “Alegrai-vos” em latim —, marca um momento de alegria intensa na preparação para o Natal. As vestes litúrgicas podem ser as de cor em tom rosa, simbolizando essa alegria pela proximidade da vinda do Senhor. Neste ano, as leituras enfatizam a esperança transformadora e a paciência confiante, convidando os fiéis a experimentarem uma alegria profunda e autêntica.
A mensagem central deste domingo é a alegria que brota da certeza da salvação iminente, uma alegria que não é superficial ou passageira, mas enraizada na liberdade humana concedida por Deus. Como ensina o Catecismo da Igreja Católica (CIC 1730), Deus criou o homem racional e livre, dotado de dignidade para buscar seu Criador espontaneamente e aderir a Ele com amor. Essa liberdade não é mera autonomia arbitrária, mas o poder de escolher o bem (CIC 1731), que nos torna verdadeiramente humanos e imputáveis por nossos atos (CIC 1735). No contexto do Advento, essa liberdade produz uma alegria não enganosa ao ser fundamentada na fé em Cristo, que nos liberta da escravidão do pecado (CIC 1739–1742). Assim, o Domingo Gaudete nos convida a rejubilar não por ilusões mundanas, mas pela graça que nos capacita a viver o bem moral, gerando uma felicidade eterna e autêntica, como a prometida na vinda do Messias.
Primeira Leitura: Isaías 35,1-6a.10
Nesta profecia, Isaías descreve a transformação do deserto em um lugar de florescimento e alegria, onde os cegos veem, os surdos ouvem e os oprimidos são libertados. A mensagem é de esperança restauradora: Deus vem para salvar e fortalecer os fracos. Inspirado no Catecismo (CIC 1733), vemos aqui que a verdadeira liberdade surge ao escolher o bem divino, libertando-nos das limitações humanas e produzindo uma alegria fundamentada na fé, não em falsas promessas. Essa visão profética nos lembra que a salvação de Deus nos torna livres para rejubilar, como os resgatados que voltam a Sião com cânticos eternos.
Segunda Leitura: Tiago 5,7-10
São Tiago exorta os cristãos à paciência, comparando-a à espera do agricultor pela chuva preciosa, até a vinda do Senhor. Ele alerta contra murmurações e incentiva a perseverança, tendo os profetas como modelo. A liberdade cristã é aperfeiçoada pela graça, que nos liberta do pecado e nos orienta para o amor. Essa paciência não é passividade, mas uma escolha livre que gera alegria autêntica, fundamentada na fé na proximidade do Juiz, evitando julgamentos precipitados e promovendo a unidade fraterna (CIC 1741).
Evangelho: Mateus 11,2-11
João Batista, preso, envia discípulos para perguntar a Jesus se Ele é o que virá para a salvação de todos. Jesus responde citando milagres que cumprem as profecias: cegos veem, coxos andam, pobres são evangelizados. Ele elogia João como o maior entre os nascidos de mulher, mas o menor no Reino é maior que ele.
A liberdade à qual somos chamados atesta que somos imagem de Deus, e aqui vemos Jesus convidando à fé livre, que reconhece os sinais divinos. Essa adesão gera uma alegria não enganosa, mas profunda, pois nos liberta das dúvidas e nos insere no Reino, onde a humildade e a confiança produzem felicidade eterna (CIC 1734).
Indicações Práticas para Viver o Espírito deste Domingo.
Para viver o espírito do Domingo Gaudete, inspiremo-nos na liberdade para a qual Deus nos chama, que nos leva a escolhas morais que geram alegria verdadeira.
De forma bem concreta, podemos começar cultivando a paciência diária, como sugere São Tiago: evitar julgamentos rápidos no trabalho ou na família, optando por diálogos construtivos que libertam das amarras do ressentimento (CIC 1738).
Dedicar tempo à oração contemplativa, reconhecendo os “milagres” cotidianos, como Jesus no Evangelho, para fortalecer a fé e a liberdade interior (CIC 1742).
Atuar com caridade: visitar alguém necessitado ou doar bens, exercendo a liberdade de escolher o bem, que nos torna mais livres e alegres.
Por fim, celebrar a liturgia sempre com alegria, fundamentando nossa participação no acolher a Graça que nos salva do pecado e nos leva à felicidade autêntica na fé.
