Dom Orlando Brandes
Os cristãos são convidados a testemunhar a coragem de Pentecostes e a alegria da páscoa. Somos testemunhas de ressurreição pela alegria que se expressa num sorriso, numa consolação, num gesto positivo, numa atitude em favor da vida. Jesus Cristo ressuscitado é a alegria verdadeira que o mundo não poderá tirar. Vencer a morte, ressuscitar, abrir as portas do futuro é a máxima alegria de toda a humanidade. A vida não acaba. O céu não está vazio. Somos esperados pelo Amor. Nosso futuro é a plenitude da vida, a glória, a eternidade feliz, a visão de Deus, o reencontro de todos que partiram desta vida. Eis a alegria pascal. Quanta surpresa, quanto arrebatamento, quanta admiração nos presenteia a festa da páscoa. Esta é a lógica de fé no amor de Deus.
São Francisco falava da “perfeita alegria” que consiste em conservar a serenidade e a paz quando passamos por humilhações, injúrias, difamações. Neste sentido a alegria é conseqüência e fruto da humildade. Muitas são as causas da alegria a saber: o dever cumprido, o bem praticado, a experiência de ser amado, de ser perdoado e de ser compreendido.
O Documento de Aparecida dedica todo um capítulo sobre a alegria. Impele os fiéis a sentirem-se alegres por serem católicos, cristãos, seguidores de Jesus. É a alegria da fé e da pertença à Igreja. Ser cristão não é uma carga, um fardo, mas, um privilégio, uma graça que leva a transbordar de alegria. São sete as alegrias contempladas no Documento de Aparecida: a alegria da vida; da dignidade da pessoa; da beleza da criação e destino universal dos bens da criação; a alegria do trabalho cotidiano; a alegria da família; a alegria do desenvolvimento e progresso da ciência e da tecnologia e por fim a alegria de sermos o Continente da esperança e do amor.
A alegria não é barulho, algazarra, farra. Quantas pessoas que carregam pesados fardos, inclusive, a pobreza material e não perdem a alegria e até sabem consolar. Portanto, alegria é o sentido da vida, a interioridade, o coração aberto e generoso, a positividade mental.
Sabemos que a alegria, o bom humor, a risada são remédios de alta qualidade terapêutica. Há escolas psicológicas que ajudam as pessoas através do riso, do bom humor, portanto, da alegria. Uma pessoa alegre impregna o ambiente onde está com sua positividade, otimismo e senso de humor. Já, as pessoas cítricas e negativas prejudicam com seu azedume o lugar onde vivem e as pessoas com quem convivem.
Alegria da páscoa é a alegria da vitória da vida, do bem, da justiça e do amor. É uma alegria especial porque se refere ao presente e ao futuro. Uma alegria proveniente da certeza da fé e da esperança que ultrapassa os horizontes do mundo geográfico e abraça a eternidade.
Páscoa cristã, é doar-se com alegria no trabalho cotidiano, é cumprir os deveres com alegria, fazer o bem e exercer a misericórdia com alegria. Sermos alegres na tribulação e alegres na esperança é um jeito bem concreto de vivermos a espiritualidade da páscoa. Nossa alegria é sem dúvida um gesto de caridade com os outros, é motivação para uma convivência saudável, é um jeito pascal de viver.
O que mais caracteriza o céu, é a alegria. “Entra na alegria do teu Senhor” (MT 25,23). Na casa do Pai há banquete, mansões, festa, jardim, portanto, a eterna alegria que consiste ver Deus face a face e conviver com todos na comunhão dos santos. No céu, veremos, amaremos e louvaremos. Eis a alegria da páscoa eterna. A alegria que nunca acabará.
Transborda em toda terra a alegria, através, da criação, do cosmos, reflexos da beleza e sabedoria do Criador. As criaturas colaboram com nossa alegria, nos convidam ao maravilhamento e ao louvor. O evangelho da alegria que Jesus revelou consiste em saber que somos amados por Deus até ao ciúme e que nós mesmos somos a alegria de Deus. “Ele anda em transportes de alegria por causa de ti e renova seu amor por ti” (Sof. 3,17). A alegria mais profunda está no amor fraterno, que é o resumo das bem-aventuranças.