“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” 

Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR) 

 

Homilia – 5º Domingo da Páscoa – Ano C  

Evangelho: João 13,31-33a.34-35 

Queridos irmãos e irmãs em Cristo, 

Estamos no coração do Tempo Pascal. Cristo ressuscitou! Ele venceu a morte, e sua vida nova transforma tudo. O Evangelho de hoje nos apresenta uma fala de Jesus que ressoa como um testamento. É a véspera de sua paixão. Ele está com os discípulos no cenáculo e sabe que está prestes a ser glorificado por meio da cruz. E, nesse momento decisivo, Ele nos entrega aquilo que poderíamos chamar de o coração do Evangelho – Jo 13,31-33a.34-35 –: o mandamento novo do amor. 

Jesus não apenas nos manda amar — isso já estava na Lei de Moisés — mas nos convida a um novo modo de amar: “Como eu vos amei.” Aqui está a novidade cristã. Não se trata de amar apenas com palavras, nem só com bons sentimentos. É um amor que se expressa em gestos concretos, em doação, em entrega, em serviço. Jesus lavou os pés dos discípulos, acolheu os pecadores, perdoou os inimigos, deu a vida na cruz. Esse é o padrão do amor cristão. 

E Jesus acrescenta: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns pelos outros.” A marca do verdadeiro cristão não é a aparência, nem o discurso, nem mesmo os dons extraordinários, mas o amor vivido no cotidiano. É esse amor que transforma as relações, que constrói pontes onde há muros, que reconcilia onde há divisão, que cura onde há feridas. 

Vivemos num mundo marcado por tantas formas de desamor: indiferença, intolerância, violência, exclusão, competição desumana. A proposta de Jesus continua sendo revolucionária. O amor cristão não é passivo nem ingênuo. É um amor ativo, que denuncia o mal, que não se conforma com a injustiça, mas que sempre busca a dignidade do outro. 

Hoje somos convidados a nos perguntar: tenho amado como Jesus ama? Ou apenas como o mundo ama? Tenho perdoado? Tenho me doado? Tenho acolhido sem julgar? O mandamento do amor não é opcional. É o critério último do nosso seguimento a Cristo. 

Na segunda leitura, tirada do Apocalipse – Ap 21,1-5a –, ouvimos: “Eis que faço novas todas as coisas.” Essa novidade prometida por Deus começa agora, quando colocamos em prática o mandamento do amor. A nova Jerusalém, a nova humanidade, começa a nascer quando vivemos como irmãos. 

Que nesta Eucaristia possamos renovar nosso compromisso de viver o amor que vem de Cristo. Que nossas comunidades sejam reconhecidas não por seus prédios, nem por suas programações, mas pelo amor concreto, fraterno e generoso que une os corações. Porque, como disse Jesus, “nisto todos saberão que sois meus discípulos.” 

Amém. 

 

 

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