Amor de Deus é sem medida

“Deus amou tanto o mundo, que entregou seu Filho único, para que todo aquele que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna”(Jo.3,16).

Entre as muitas mensagens de Natal que recebi,  e não sendo possível escrevê-las todas neste texto, quero partilhar com vocês apenas uma: “A luz e o canto anunciaram o choro da nova vida, o sorriso encantador da esperança, a certeza invencível da vitória. E tudo é, a um só tempo tão frágil e tão simples, tão grandioso e tão resplendente; o nosso Deus cabe numa manjedoura! Grandeza maior não há, pequenez tão grande alguém já viu? Quem nunca sentiu a força do amor”?

Ninguém e em nenhum lugar do mundo pode proclamar uma noticia tão grande e tão bonita. Um Deus feito carne, gente como nós, em tudo menos no pecado, vem do ventre de uma jovem menina para dar sentido à vida, vem da periferia para ocupar o centro da história, vem de um coxo de estrebaria, lugar de alimentos dos animais, para ser o pão da vida eterna, vem de uma noite fria e solitário para ser o calor e o elo de união de todos, vem de uma noite escura iluminada apenas pelas estrelas para ser a luz do mundo e das nações, vem do silêncio de uma madrugada fria, onde apenas Maria e José entrelaçam os olhares para ouvir a voz dos anjos a cantar: “Glória a Deus nas alturas e Paz na terra aos homens e mulheres de boa vontade”.

Esse é o nosso Deus, vem para trazer a paz e plantar o mandamento novo no coração de todos aqueles que Nele depositarem a fé e a esperança. Por isso é que, o Natal não pode ser reduzido a um dia ou a uma festa de família apenas. O Senhor da manjedoura é o Deus conosco, o “Emanuel” que não tem tréguas em oferecer a todos e a cada um a oportunidade de se aproximar Dele preenchendo todo vazio de uma existência curta e estressada. O Senhor da manjedoura está sempre a lembrar: “Não tem maior prova de amor do que dar a vida”, “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”, “amem a Deus sobre tudo e ao próximo como a ti mesmo”, esse é o resumo de toda a lei e os profetas.

Ouvindo assim, a voz do Mestre de Belém, o Natal vai além do consumismo atordoador que ocupa todo o espaço da mídia para convencer e vender, muitas vezes comprando sem necessidade. Ouvindo a voz do Mestre, a solidariedade e a partilha se fazem sentir de forma concreta com os pobres e  excluídos. Ouvindo a voz do Mestre ficamos indignados com tantas notícias negativas e abusadas, de maneira especial envolvendo crianças, ou então agora, o aumento de vereadores como emprego nas Câmaras municipais, comendo o pão dos famintos e desempregados.  Assim como a aprovação, na surdina, de aposentadoria especial para os nossos pobres deputados que lamentavelmente continuam sugando o sangue da maioria cada vez mais pobre e eles somando a minoria cada vez mais rica. Isso nunca foi Natal, que pena que muita gente ainda hoje, depois de mais de dois mil anos não entenderam o porquê celebrar o Natal, o nascimento na periferia do menino Deus. Um Deus tão grandioso, tão resplendente que coube numa manjedoura.

Quem sabe quando, vamos entender a lição do Natal! Quem sabe quando, vamos colocar em prática o mandamento novo e criar um mundo onde tenha lugar digno para todos, de maneira especial para as crianças, os pobres, os excluídos, os descartados pela sociedade cujo deus é o capital agonizante nesta crise econômica mundial. A lição do Natal só entenderá quem puder entender que nosso Deus é um Deus de amor. FELIZ NATAL!

Dom Anuar Battisti

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