Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Na Sexta feira Santa a Igreja silencia em profunda reflexão, se reúne às 15 horas, momento da morte de Jesus, para contemplar amorosamente a sua gloriosa paixão, fonte da nossa salvação. Percebemos a morte de Cristo, não como um acidente de percurso, ou uma fatalidade do destino, mas como a consumação perfeita do projeto do Pai.
Antes de ser algo estranho, foi algo desejado, caminho de amor e expressão, de solidariedade e misericórdia para com toda a humanidade. Jesus, na sua morte, abraça o mundo e todos os crucificados e sofredores, dando um sentido eterno de redenção ao Seu sacrifício.
Diante do amor líquido e da pós-verdade nos dias de hoje, encontramos na cruz a prova de uma entrega e doação sem limites, um Deus que sofre e se aniquila na sua condição humana. Estamos longe da visão de um Deus distante, indiferente, ou até cruel, mas todos podemos afirmar, com certeza, que Jesus morreu por cada um de nós, pelos nossos pecados. Também, é-nos dado compreender como agradável, inusitada surpresa e admiração, a lógica de Deus, perpassada pela misericórdia e a ternura totalmente contrária a lógica do príncipe do mundo, embasada no poder dominação que destrói o ser humano e a criação inteira.
A cruz foi o preço do resgate, o sangue derramado testemunha fiel da compaixão que nos cura e restaura de todo o egoísmo, vanglória, injustiça e opressão, para renascer como homens novos, livres para a comunhão com Deus e toda a humanidade. A paz é possível e a encontramos à sombra benfazeja da Cruz libertadora, da árvore da vida que gera uma nova criação, a fraternidade universal com todas as pessoas e criaturas. Pela cruz vitoriosa, somos todos irmãos! Deus seja louvado!