Dom Orlando Brandes
A paz da consciência é o melhor travesseiro e protege contra os desgastes emocionais. A paz interior, paz do coração, coincide com nossa auto-estima positiva e com o perdão dado setenta vezes sete, ou seja, sempre e de todo coração. A paz na família se sustenta com dialogo verdadeiro e com gestos de amabilidade. A paz com os outros e com o mundo, começa dentro de nós mesmos. Conviver com as diferenças, requer espírito de tolerância, de ecumenismo e de reconciliação.
Jesus abateu o muro da inimizade e abriu as portas da reconciliação. A lei do mais forte é a lei da selva e a guerra é sempre uma derrota de toda a humanidade . Um espírito da pertença comum, a crença na dignidade e igualdade humanas, o bom senso superam a lógica da força e dão espaço à força do direito e da sabedoria dos povos. Esta sabedoria está no dialogo. A força do amor é mais duradoura que a do terrorismo e da prepotência. É a onipotência do amor que vence o império do mal. O amor lança fora a espada.
A paz tem grande preço, porém se manifesta em pequenos gestos: no aperto de mão, no sorriso, no abraço, no olhar, no jeito de atender o telefone. Assim, encontramos pessoas de paz, gestos de paz, comunidades de paz para uma “cultura de paz”: “Ou vivemos como irmãos, ou morremos como loucos” (M. L. King). Vossas lanças e espadas se tornem foices e arados dizem as Sagradas Escrituras. Precisamos ser testemunhas da paz, instrumentos da paz e educadores da paz.Dizia João Paulo II: “jamais a guerra”.
Os anjos em Belém cantavam: “paz na terra”. É proibido fazer guerra em nome de Deus. Jesus é o “Príncipe da paz”. Ele veio desarmar os corações e os espíritos. Os pacíficos e pacificadores são filhos de Deus. A violência é uma grande fraqueza, um absurdo, uma selvageria. Justiça e paz se abraçarão, reza o salmista. “A paz é obra da justiça” (Pio XII). Os mansos conquistam a terra.
A paz é feita de pequenos gestos e de grandes decisões. Os pequenos gestos podem ser: evitar a pressa, ouvir com paciência, saber consolar, fazer com amor algo difícil, ser gentil, adaptar às situações, abster-se de julgar, alegrar-se com o sucesso alheio, aproximar-se de alguém, elogiar e incentivar as pessoas. a paz tem quatro “c”: concórdia, cuidado, compaixão, consciência.
As grandes decisões em favor da paz podem ser: respeitar a sacralidade de vida, aceitar a diversidade e a diferença, unir liberdade e responsabilidade, acreditar no dialogo, reverenciar a dignidade da pessoa, seguir a reta razão, salvar o meio-ambiente, abrir-se ao Deus da paz. Vale para a conquista da paz a chamada “lei de ouro”: “faças aos outros o que queres que te façam a ti”.
A condição indispensável para a paz chama-se “capacidade de perdoar”. Os sentimentos de ódio, vingança, mágoa, ressentimento são destrutivos e explosivos. Jesus recomenda o perdão setenta vezes sete, portanto, perdão imediato, total, incansável, incondicional, cordial. O novo nome da paz chama-se perdão.
O dia primeiro do ano coincide também com a festa da mãe de Deus. Maria é rainha da paz porque cantou: os famintos serão saciados, os soberbos desconcertados; os humildes, exaltados. Maria intercede em favor do casamento em Caná da Galiléia. Onde existe pão, fraternidade e Deus, ali estão os pilares da paz. Que tenhamos coração de mãe para tomarmos atitudes fraternas. Ter coração de mãe é ter misericórdia. A paz do mundo começa em mim, diz um ditado popular. O instinto da destrutividade e a cultura da morte são um regresso da humanidade. O mundo novo que está contido no reino de Deus, consiste em fazer do outro, um próximo, um igual, um irmão, um amigo. A misericórdia é o pilar e o fundamento da paz, porque a misericórdia coloca o outro no centro.