Ano novo: novos gestores e novos desafios

Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo de Natal (RN)

 

Com alegria renovada pelo espírito natalino, quero desejar a todos um ano abençoado e cheio de realizações. O ano que se inicia, na contemplação do mistério bendito da Virgem Maria, Mãe de Deus, Dia mundial da Paz e da confraternização universal, é uma graça de Deus nas nossas vidas e no nosso empenho, por realizar a nossa missão de cristãos e cristãs, de homens e mulheres de boa vontade.

Mais um ano finda e um novo está para começar. A graça de Deus que nos acompanhou em 2022, também nos acompanhará no ano de 2023. Sim, esta é a nossa esperança, pois o ano todo o Senhor coroa com seus dons (cf. Sl 64,12) nossa vida e nossas ações. Vivendo ainda as alegrias da celebração da noite santa do Natal de nosso Senhor Jesus Cristo, acolhemos com confiança o ano novo. Se as nossas metas, as nossas aspirações, os nossos projetos foram realizados no ano que termina, nós agradecemos e louvamos o nosso bom Deus e Pai. Mas, se porventura não conseguimos realizar tudo o que queríamos ou desejávamos, não nos desesperemos. Um novo ano da graça do Senhor está iniciando. Bendito seja Deus, Pai de Jesus Cristo e nosso Pai, Senhor das misericórdias e Deus de toda consolação. Ele estará sempre conosco.

A Igreja, embora não mais atrelada ao poder do Estado, não pode se furtar à sua missão de anunciar a sua mensagem, a sua doutrina social. Proponho aos governantes, como também os que foram eleitos para o poder legislativo, estadual ou federal, católicos ou não, que os princípios do ensinamento social da Igreja, estejam presentes, não só porque é a Igreja que os ensina e defende, mas por serem princípios justos e necessários. É dever dos gestores que respeitem os direitos do povo aos subsídios que possibilitem respeito da dignidade de todos, como saúde, educação, segurança. Deste princípio da subsidiariedade, se desprende o da participação. Todos os cidadãos, católicos ou não, crentes ou não, devem e podem participar da busca do bem comum, que leve a sociedade a um crescimento justo, honesto e igualitário. Não é necessário, mas o faço lembrar a todos, que a transparência na gestão é um meio eficaz de deixar a virtude da política ser o que ela é, uma virtude de respeito ao bem comum. Oxalá todos os novos gestores sejam animados por esses princípios.

Enfim, quero lembrar também que o espírito natalino que nos refaz de nossas ações negativas ou que nos decepcionaram em muitos momentos, deve estar presente no início do novo ano. Para todos, cidadãos e cidadãs, gestores, deputados, senadores, vale o princípio que norteia a nossa caminhada: sem desesperar por causa do que não conseguimos fazer, avançamos para frente conservando o que foi possível conquistar. Mas, sobretudo, quero conclamar a todos que acolham a exortação do Papa Francisco a viver na confiança o novo ano. Na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, ele nos convida a reconhecer que “ninguém pode salvar-se sozinho”. E é preciso que, “juntos, recomecemos, a partir da Covid-19, para traçar sendas de paz”, pois, “a maior lição que a Covid-19 nos deixa em herança, é a consciência de que todos precisamos uns dos outros, que o nosso maior tesouro, ainda que o mais frágil, é a fraternidade humana, fundada na filiação divina comum… Por conseguinte, é urgente buscar e promover, juntos, os valores universais que traçam o caminho desta fraternidade humana”.

Feliz 2023 para todos. Que seja um Ano abençoado e cheio de alegria e de paz para todos.

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