Dom Orlando Brandes
Sempre que a Igreja renova suas energias missionárias ela se volta para seus padres como protagonistas da missão. Na história da Igreja foi assim. É só lembrar: o Papa Gregório Magno, São Francisco de Assis, Santo Inácio de Loyola, Santo Afonso Maria de Ligório, São Vicente de Paulo, dentre outros. A reforma do clero é uma página de ouro na história da Igreja e na vida dos santos.
O Concílio Vaticano II foi uma reviravolta missionária na Igreja. Logo em seguida houve sínodos centralizados na pessoa dos sacerdotes , 1967, 1971, 1974, 1990. O Papa João Paulo II escrevia uma “Carta aos Padres” por ocasião da Quinta-feira Santa. Bento XVI proclamou a celebração do Ano Sacerdotal (19.06.1009 a 19.06.2010).
A CNBB não ficou atrás. Promoveu dois Congressos Vocacionais, escreveu uma “Carta aos Presbíteros”, como fruto da 42ª Assembléia Geral (2004) onde o tema central foi: “Vida e Ministério dos Presbíteros”. A 47ª Assembléia Geral (2009) teve como tema central: “A Formação Presbiteral”. Nossos bispos ainda incentivaram a Pastoral Presbiteral, o Encontro Nacional de Presbíteros, a Organização dos Seminários, os Cursos de Formação Permanente do Clero.
O povo de Deus, é um povo sacerdotal. Os leigos e leigas recebem o sacerdócio bastimal. Para animar, servir, santificar o povo sacerdotal, Deus escolhe seus vacacionados para serem ministros de Cristo, Sacerdote Eterno e do povo sacerdotal. Deus, a Igreja, os santos e o povo amam, reverenciam e admiram seus padres. Por isso mesmo, os corrigem por amor. Quem ama cuida e corrige.
O Ano Sacerdotal chegou em boa hora. A Conferência de Aparecida impulsionou a missão permanente e continental. Toda esta proposta vai depender do ânimo missionário dos sacerdotes, como pastores, discípulos, profetas e missionários em favor do povo. A lei é esta: padre zeloso, povo ardoroso; padre bom, povo feliz; padre pastor, povo evangelizador; padre profeta, povo consciente; padre orante, povo fervoroso; padre santo, Igreja santa.
A Igreja caminha “com os pés dos padres”. Eles estão no coração da Igreja porque vieram do coração de Deus. “Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração” (Jr 3, 15). Diz São João M. Vianney: “O sacerdócio é o amor do coração de Jesus”. Deus tem um coração sacerdotal. O padre é ferido de amor porque Jesus o chamou de amigo. A amizade com Jesus torna a vida do padre bela, grande e livre. É a amizade com Jesus, que arrasta o padre para o sacrário, para o lava-pés, para ação missionária. Tão grande é esta amizade, que Jesus se despede deste mundo dirigindo sua oração sacerdotal ao Pai (Jo, 17).
Da amizade com Jesus, o padre cultiva grande amizade com o presbitério da diocese e respeita seu colega padre como amigo de Jesus. Os padres dedicam-se ao povo, levados pela amizade de Jesus. “Tu me amas? Apascenta minhas ovelhas”. Toda pastoral é um ato de amor, um ofício de amizade. Três amizades marcam a vida do padre: amizade com Jesus, amizade com os colegas padres e amizade com o povo. A missão é uma experiência de amizade. Por outro lado, a amizade entre os sacerdotes cativa as vocações.
A renovação da Igreja se vincula à renovação do sacerdócio. Eis a grande esperança do Ano Sacerdotal. Precisamos de padres com quatro “s”: sadios, sábios, servos e santos. Nada melhor para a Igreja e para o mundo que a santidade do clero. Sabemos que 96% dos padres são fiéis à sua missão. Temos padres santos, profetas, missionários e pobres. Destes a imprensa não fala e são a grande maioria. O lema do Ano Sacerdotal é: Fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdote. Como é bom ser fiel em tudo. A fidelidade é a expressão concreta do amor e da verdade.
Nossa história pessoal é marcada pela pessoa de sacerdotes fiéis e santos. Muitos padres e vocacionados sentiram-se chamados ao sacerdócio pelo testemunho de um padre, um pároco que influenciou suas vidas e sua decisão. Ser padre não é uma honra, é dom e mistério. Todo padre é um milagre da graça divina, tirado do meio humano para as coisas que dizem respeito a Deus.
