No último artigo para essa coluna descrevíamos a trajetória do Pe.Kolping, operário que se tornou sacerdote, e que, fiel às suas origens e à fé recebida de seus pais, levou avante um trabalho de resgate da dignidade do trabalhador, vítima de um processo de industrialização que ignorava os reclamos da dignidade humana. Pe. Kolping quer expandir seu movimento e começa por Colônia, centro da região em franco processo de industrialização. Aos seis de maio, na mesma hora em que Marx se dirigia aos operários em Colônia, Pe. Kolping se reunia com um grupo de sete jovens que constituíram a primeira comunidade Kolping. Um deles depois comentou: “Nós não o conhecíamos, mas algo de especial irradiava dele. Estávamos pendentes de sua palavra, nossos corações batiam mais fortes”. Kolping assume sua missão junto dos jovens operários com carinho de pai. “No verão de 1849 – conta o Pe. Paulo Link – ocorreu em Colônia uma epidemia de cólera. Onde quer que se precisasse de ajuda ali estava Kolping.
Durante três meses trabalhou no hospital da cidade. Ajudava nos curativos e acompanhava os moribundos”. O espírito que deveria reinar em suas comunidades foi assim proposto por ele: “A comunidade deve ser para seus membros como uma casa de família onde se sintam à vontade entre amigos em situação de igualdade e onde o convívio permita a troca de alegrias e tristezas”.Sua obra cresceu rapidamente.
Quando o Pe. Adolfo Kolping morreu eram 24.600 seus membros e 418 as comunidades espalhadas pela Alemanha e por outros países da Europa. “A expansão da Obra, tão rápida, estava assegurada por uma boa organização inicial: com estatutos, infra-estrutura, autonomia das fundações e o princípio democrático de participação. Na Associação nunca se alimentou o paternalismo, nem os artesãos foram utilizados para servir aos interesses do clero. Respeitava-se de fato a própria iniciativa, a liberdade dos grupos e a consciência individual. Kolping não queria uma confraria religiosa, mas uma associação civil que servisse para apoiar a auto-organização dos jovens artesãos”, informa-nos o Pe. Paulo Link.
O trabalho do Pe. Kolping foi aprovado por Pio IX que o recebeu em audiência. A saúde do Pe. Kolping, que nunca foi boa, foi se tornando mais frágil, a tal ponto que foi com grande esforço que pronunciou seu último discurso quando da inauguração do novo albergue de Colônia, em 17.09.1865. Seus pulmões foram perdendo sua capacidade respiratória. Aos quatro de dezembro de 1865, seu coração pára de bater, quando tinha apenas 52 anos de idade. “A Obra de Adolfo Kolping continua crescendo e ainda hoje está em ascensão. Reconhecidamente ele continua sendo, até nossos dias, um autêntico líder social, um pai acreditado, amado pelo povo e venerado por muitos como um santo” (Cardeal Hoeffner). João Paulo II, ainda Arcebispo de Cracóvia, visitando seu túmulo disse: “Esperamos que o Pe. Adolfo Kolping seja beatificado e canonizado, pois, em nossa época, personalidade como a de kolping é para servir de guia e exemplo”.
O próprio João Paulo II declara-o Bem-aventurado aos 27 de outubro de 1991. Na homilia de sua beatificação João Paulo II assim fala sobre ele: “Pode-se afirmar que a leitura do evangelho de hoje – a cura de um cego – se encontra de modo particular com a vida e com a atividade deste sacerdote generoso, que no século passado projetou a luz do evangelho sobre a sempre difícil questão da justiça social nas relações entre trabalho e capital…” E mais adiante: “As sombras da injustiça e da exploração, do ódio e da humilhação dos seres humanos dominavam a situação dos artesãos e dos operários das fábricas do séc. XIX. Adolfo Kolping se ocupou antes de tudo dos seres humanos. Não em primeiro lugar se mudam as estruturas, mas sim os homens.
Inspirado pela fé em Deus, que quer a felicidade de todos os homens, Kolping iniciou uma paciente obra de educação. Com sua pregação e seus escritos ele procurou dar espaço e voz ao evangelho do trabalho que se tornou para ele e para sua obra o campo de atividade por um cristianismo sempre mais próximo do mundo dos trabalhadores”. Fazemos nossas as palavras com as quais o Santo Padre João Paulo II terminou sua homilia: “Agradecemos ao senhor Ressuscitado que, em um momento oportuno da história, chamou seu sevo Adolfo Kolping para ser servidor fiel e prudente do ‘Evangelho Social’: o Evangelho dos direitos do trabalhador, o Evangelho da dignidade do trabalho humano.
Agradecemos a Cristo porque neste dia o Servo de Deus Adolfo Kolping está sendo elevado à glória dos altares como Bem-aventurado da Igreja. Assim seja!” As primeiras Comunidades Kolping vieram ao Brasil através de imigrantes alemães. Está presente em quase todos os Estados da Federação. Em Sorocaba temos uma Comunidade atuante no Bairro do Éden. Neste ano sacerdotal alegra-nos e nos anima o exemplo de pastor que foi o Pe, Kolping, modelo de amor a Deus, à Igreja e aos pobres.
