Dom Antonio Carlos Rossi Keller
Diocese de Frederico Westphalen (RS)
Com a data de 28 de janeiro deste ano, os Dicastérios da Santa Sé para a Doutrina da Fé e para a Educação e a Cultura lançaram uma “Nota” intitulada “Antiqua et Nova”, com uma reflexão muito oportuna sobre a chamada “Inteligência Artificial” (IA).
A Nota pode ser encontrada na íntegra no web site do Vaticano (www.vatican.va).
Vale a pena oferecer aos queridos diocesanos de Frederico Westphalen uma breve reflexão sobre a mesma.
Introdução
A Inteligência Artificial (IA) emerge como uma das inovações mais significativas do nosso tempo, trazendo consigo uma série de questões éticas, sociais e filosóficas que desafiam a humanidade. A Igreja Católica, ao longo de sua história, tem se posicionado sobre as questões que envolvem o progresso humano e a tecnologia, sempre buscando alinhar esses avanços com os princípios da fé católica e da dignidade da pessoa humana. A Nota “Antiqua et Nova”, elaborada pelo Dicastério para a Doutrina da Fé e o Dicastério para a Cultura e a Educação, oferece uma reflexão profunda sobre a relação entre a inteligência humana e a chamada impropriamente inteligência artificial, destacando a importância de um desenvolvimento ético e responsável dessa tecnologia.
A visão da Igreja sobre a Inteligência
Na tradição cristã, a inteligência é considerada um dom divino, essencial para a compreensão do mundo e para a realização do potencial humano. A Escritura nos ensina que o homem foi criado “à imagem de Deus” (Gênesis 1:27), o que implica que a capacidade de raciocínio e a busca pela verdade são reflexos dessa imagem. A Igreja enfatiza que a inteligência deve ser utilizada de forma responsável, guiada pela razão e pela fé, para o bem comum e a preservação da criação.
Desafios e Oportunidades da IA
A Nota “Antiqua et Nova” nos convida a refletir sobre os desafios e oportunidades que a IA apresenta. O avanço tecnológico, embora promissor, traz consigo dilemas éticos que não podem ser ignorados. A Igreja reconhece que, enquanto a IA pode oferecer soluções inovadoras em áreas como saúde, educação e comunicação, também levanta questões sobre a autonomia humana, a privacidade e a justiça social. A reflexão sobre esses temas é essencial para garantir que a tecnologia sirva ao bem-estar da humanidade e não a subjugue.
Responsabilidade e Ética na IA
Um dos pontos centrais abordados na Nota é a responsabilidade humana na utilização da IA. As máquinas “inteligentes” podem executar tarefas com eficiência crescente, mas o significado e o propósito de suas operações são determinados por seres humanos que possuem um conjunto de valores e princípios éticos. A Igreja alerta para o risco de que a falta de clareza nas decisões tomadas por sistemas automatizados possa levar à evasão da responsabilidade, comprometendo a ética e a justiça. Portanto, é fundamental que os desenvolvedores e usuários da IA sejam guiados por valores que promovam a dignidade humana e o bem comum.
A Igreja e o Progresso Humano
A Igreja sempre viu a tecnologia como uma ferramenta que pode contribuir para o progresso humano, desde que utilizada de maneira ética e responsável. A Nota “Antiqua et Nova” reafirma que a missão da Igreja inclui a promoção do desenvolvimento humano integral, que respeite a dignidade e os direitos de cada pessoa. A Igreja considera uma obrigação lembrar os responsáveis pela vida socioeconômica da necessidade de atender às exigências vitais do ser humano, promovendo uma tecnologia que não apenas busque eficiência, mas que também respeite a dignidade de todos.
Conclusão
A reflexão da Igreja sobre a Inteligência Artificial, conforme exposta na Nota “Antiqua et Nova”, destaca a importância de um desenvolvimento ético que respeite a dignidade humana. A IA, enquanto ferramenta poderosa, deve ser utilizada com responsabilidade e guiada por princípios que promovam o bem comum. A Igreja, fiel à sua missão, continua a chamar a atenção para a necessidade de um diálogo constante entre a fé e a razão, entre a tecnologia e a ética, para que possamos construir um futuro que respeite a dignidade de cada pessoa.