Tendo aberto neste sábado o ano Paulino, somos chamados a empreender uma caminhada aproveitando desse momento de graças para que, a exemplo do Apóstolo das gentes, levemos a Boa Notícia até os confins da terra.
O Documento de Aparecida fala da “missão permanente”. Sem dúvida que este ano, em que começamos a colocar em prática as inspirações da V Conferência do Episcopado Latino Americano e Caribenho, o grande modelo de missionário permanente que a providência nos coloca diante dos olhos é São Paulo. Não só pelas suas viagens missionárias, mas pelo espírito que reinou em seu coração durante todos os momentos de sua conversão até o final de sua vida. Tinha o espírito missionário em suas entranhas e gritava a todos; “ai de mim se não evangelizar!” Se neste ano jubilar trouxermos para dentro de nossos corações um pouco desse ânimo missionário de São Paulo, já estaremos percorrendo os caminhos da missão permanente!
O mesmo documento que ilumina nosso trabalho pastoral neste tempo privilegiado recorda a importância de “formar comunidades”. É também para nós uma graça de Deus vermos como São Paulo passa meses em uma mesma cidade formando as pessoas, constituindo comunidades, deixando bispos e presbíteros responsáveis pela animação e articulação das mesmas quase que como fruto de sua atividade itinerante, mas também como caminho de evangelização. São poucos os estudos sobre os tipos de comunidades “paulinas”, mas salta aos olhos esse seu trabalho inicial de pregar e anunciar Jesus Cristo e levá-los a viver em comunidades cristãs.
São Paulo é um homem urbano. Aparecida nos diz que não tememos a grande cidade – é mais oportunidade que dificuldade. O sábio Documento de Aparecida lembra que o cristianismo nasceu mais nas regiões urbanas que nos campos. Por isso, neste tempo de grande urbanização nós olhamos a oportunidade que a Providência nos dá de levarmos a todos o Evangelho de Jesus Cristo através das grandes cidades. Nós olhamos como um desafio positivo, que nos entusiasma em nossa missão. A orientação de Aparecida para uma pastoral urbana reflete bem isso.
A grande tese inicial do Documento de Aparecida que nos desafia é a mudança de época, que é principalmente cultural. Temos necessidade de pessoas que, sintetizando a cultura atual, sejam cristãs autênticas, anunciem com destemor inculturado a Palavra de Deus. São Paulo é uma síntese cultural de seu tempo: judeu, de cultura grega, cidadão romano, falando hebraico e aramaico e talvez latim sintetiza em sua vida tanto a vida em Cristo, igualmente aos poetas e escritores de seu tempo e das culturas, assim como as transformações que em sua época estavam ocorrendo. Para um tempo de mudança de cultura nada melhor que um exemplo de como alguém trabalhou nesse campo nessa situação e pregou intrepidamente o Evangelho e formou comunidades cristãs.
Vivemos a época da comunicação! Talvez nunca a humanidade dispôs de tantas possibilidades de comunicação e talvez nunca esteve tão dependente dela! Sabemos que após o Concílio Vaticano II, com o iluminado decreto Inter Mirifica, primeiro documento aprovado, a Igreja passa a ver a comunicação como um desafio a ser utilizado para a evangelização. Os documentos que se seguiram foram atualizando e aprofundando essas idéias. São Paulo acompanhava suas comunidades com cartas que chegavam e cartas que ele escrevia, animando, corrigindo, mostrando caminhos, catequizando. Inspirados em seu modo de comunicar nasceram várias famílias religiosas especializadas em comunicação. Também o Documento de Aparecida enfrenta essa mesma situação ao falar de comunicação e dos seus desafios a serem enfrentados por nós. Nesse ponto ele ultrapassa, e muito, a síntese nacional que fizemos quando a comunicação tinha sido vista apenas negativamente. Para um tempo de comunicação, nada melhor que um grande comunicador – São Paulo.
E assim poderemos prosseguir nesses paralelos entre os desafios e soluções apontados por Aparecida e a vida desse grande apóstolo que agora começamos a celebrar os dois mil anos de nascimento.
Tendo aberto o seu jubileu, estimulo todos os leitores para procurarem a programação do ano para os vários eventos tanto arquidiocesanos como paroquiais.
Ontem, hoje e sempre é o mesmo Cristo anunciado por São Paulo que também anunciamos hoje. Que o Apóstolo Paulo continue a nos inspirar nessa caminhada!