Ao convidar-nos a “caminhar a partir de Cristo”, João Paulo II, em sua memorável carta Novo millenio ineunte, recorda-nos o chamado dos cristãos à santidade – com diversos caminhos “próprios à vocação de cada um” – e a urgência de uma “pedagogia da santidade verdadeira e característica, apta a adaptar-se ao ritmo de cada pessoa” (NMI, n. 31).
O venerado Papa insistiu ser “necessário um cristianismo que se distinga, antes de qualquer coisa, pela “arte da oração” (NMI, n. 32), atualmente imprescindível em um contexto no qual o mundo secularizado provoca, como resposta, a necessidade de orar, também palpável em outras religiões: uma constante da humanidade buscadora de soluções além de a tecnologia, ciência e consumo. Insisto que:
É necessário aprender a rezar, voltando sempre de novo a conhecer esta arte dos próprios lábios do divino Mestre, a exemplo dos primeiros discípulos: “Senhor, ensina-nos a orar” (Lc 11,1). Na oração se desenrola “aquele diálogo” com Jesus que faz de nós seus amigos íntimos: “Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós” (Jo 15,4). Esta reciprocidade constitui, precisamente, a substância: a alma da vida cristã; condição de toda vida pastoral autêntica. Nossas comunidades, amados irmãos e irmãs, devem transformar-se em verdadeiras “escolas de oração”, onde o encontro com Cristo não se exprima apenas em pedidos de ajuda, mas, também, em ações de graças, louvor, adoração, contemplação, escuta, arrebatamentos da alma, até atingir-se um coração verdadeiramente apaixonado. Oração intensa, mas sem afastar-se de seu compromisso histórico: ao abrirmos o coração ao amor de Deus, abrimo-lo, também, ao amor dos irmãos, “o que nos torna capazes de construir a história segundo o desígnio de Deus” (NMI, n. 32-33).
Nas diretrizes e orientações do Documento conclusivo de Aparecida, o Pe. Fernando Torre, Missionário do Espírito Santo, encontra razões suficientes para que a bela, e, às vezes necessária tarefa de “aprender a orar e ensinar a orar”, seja aprofundada, conduzindo-nos pelos diferentes momentos nos quais o tema oração é tratado pelos bispos latino-americanos e caribenhos, para que, todos nós, os fiéis cristãos, vivenciemos essas orientações que, sem dúvida, fortalecerão tanto a vida pessoal como comunitária; na medida em que impulsionam, reforçam o encontro com Jesus Cristo.
Que Maria, obediente à vontade de Deus e perfeita discípula de Jesus, nos acompanhe nesta tarefa de aprender a orar e ensinar a orar, para que todos possamos ser melhores discípulos missionários de seu Filho.
