Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro – RJ
Continuando nossas reflexões catequéticas quaresmais enfocando a iniciação cristã saliento hoje a necessidade do aprofundamento da fé.
Após o primeiro anúncio (kerigma), deve seguir-se os passos de nossa caminhada de iniciação cristã. É o momento de aprofundarmos a inspiração catequética do catecumenato. Neste tempo propício quaresmal é um bom momento de abrir nossas mentes e corações para o itinerário da iniciação cristã.
O processo catecumenal (que tem como interlocutores as pessoas não batizadas como as já batizadas, que não receberam no devido momento o primeiro anúncio missionário), é destinado tanto aos adultos como aos jovens e crianças. (…) “a preocupação central da catequese seja a educação da fé, a iniciação à vida comunitária, a formação do cristão ético e solidário; a celebração do sacramento é uma decorrência da caminhada da fé e da vida comunitária” (DNC, 312).
Nessa tarefa de evangelizar, a comunidade não pode pressupor a fé em seus interlocutores jovens e adultos, mas, consequentemente, antes de realizar a catequese, a comunidade eclesial deve programar de maneira permanente o primeiro anúncio, o Querigma. Assim, a ação evangelizadora da comunidade cristã exerce uma função maternal e pedagógica, mediante uma calorosa acolhida aos batizados que procuram se integrar a ela. Isto envolve um acompanhamento especial, tanto no anúncio missionário como nas celebrações litúrgicas e na vida familiar e social dos batizados, mas, sobretudo, quando a comunidade compartilha com esses irmãos a alegria de terem escutado a Deus em seu coração e de decidirem seguir fielmente a Jesus Cristo.
Segundo indica o Ritual da Iniciação Cristã de Adultos, esta catequese precisa se realizar em graus contínuos e progressivos, e adaptada à cultura dos catequizandos. Seu objetivo é completar a Iniciação Cristã pela recepção dos sacramentos da Confirmação e da Eucaristia, incorporá-los à Páscoa de Cristo e inseri-los na comunidade cristã como pedras vivas (cf. 1Pd 2,5), levando-os a descobrir seu lugar dentro da Igreja e sua própria vocação no mundo.
É importante que as comunidades eclesiais assumam o catecumenato como caminho renovador da evangelização dos fiéis afastados ou distantes da fé e da comunidade. Da mesma maneira, devem estabelecer critérios, linhas de ação e formas de catecumenato que respondam adequadamente às necessidades reais da catequese. Assim, a nova evangelização catequética deverá levar os não batizados e batizados afastados a uma autêntica reconciliação com Deus, com eles mesmos e com a comunidade.
Nessa direção, todos necessitamos de uma renovação cristã. Por isso é que surgem hoje grupos de pessoas que, ao reviver a experiência catecumenal na iniciação à vida cristã, foram também inspiradas em fazer esse mesmo caminho de fé para os já batizados que necessitam de recuperar a dimensão de fé de suas vidas. E milhares estão respondendo a esse chamado.
Que a Páscoa nos encontre renovados e acordados para alegremente professarmos nossa fé comum e renovarmos os compromissos batismais com a promessa de viver evangelizando.