A arquidiocese de São Paulo emitiu, no dia 25, uma nota de repudio contra a exposição dos quadros do artista plástico pernambucano, Gil Vicente, intitulada “Inimigos”, exposta na 29ª Bienal de São Paulo. Os quadros citados retratam personalidades sendo ameaçadas pelo próprio artista Gil Vicente.
Nos desenhos, sob a mira de revolver, aparecem autoridades mundiais como o papa Bento XVI, o ex-primeiro ministro de Israel, Ariel Sharon, o ex-presidente norte-americano George W. Bush e o ex-presidente da ONU Kofi Annan. Também há políticos nacionais como o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso e o atual, Luiz Inácio Lula da Silva.
Leia abaixo a íntegra da nota da arquidiocese de São Paulo.
Arte e violência: Espanto, desconforto e repúdio
Em nome do mesmo princípio da liberdade de expressão, que permite aos artistas a livre manifestação da sua arte, a arquidiocese de São Paulo vem a público para manifestar sua estranheza, desconforto e repúdio diante da série de telas “Inimigos”, do artista plástico Gil Vicente, expostas na Bienal de São Paulo, com auto-retratos do artista em cenas de extrema violência contra personalidades públicas, como o Presidente da República e o Papa Bento XVI.
São cenas de um narcisismo chocante, de um mau gosto repugnante e de implícita apologia à violência. Nenhum diretor de escola ou professor de bom senso permitiria expor tais cenas em sala de aula, pois seriam consideradas deseducativas. Cenas de execução de condenados à morte seriam, certamente, evitadas nos meios de comunicação de massa. Numa sociedade já marcada por conflitos e ferida por tanta violência, é altamente questionável que, em nome da arte sejam expostas cenas que sugerem o desafogo do próprio ódio contra supostos inimigos. Trata-se de um péssimo serviço à arte, uma lamentável falta de respeito pela dignidade humana e uma ameaça à paz no convívio social. Violência real, ou apenas sugerida, gera mais violência.
De modo particular, a comunidade católica sente-se ofendida e triste com o desrespeito ao Papa Bento XVI, que peregrina pelo mundo em missão de justiça e de paz. Sugerir ou imaginar violência contra o Papa causa tristeza e indignação. Que ninguém, em nenhuma parte do mundo, tenha a insana iniciativa de consumar as cenas chocantes retratadas na tela! Deus proteja nosso Papa Bento XVI, o Presidente da República e toda pessoa contra os desatinos da violência!
A Arquidiocese de São Paulo manifestou formalmente este seu entendimento perante o Ministério Público de São Paulo em 24.09.2010, solicitando a atenção deste órgão público.
Arquidiocese de São Paulo