O profeta Ezequiel faz uma comparação interessante da árvore que se torna produtiva: “Eu mesmo tirarei um galho da copa do cedro, do mais alto de seus ramos arrancarei um broto e o plantarei sobre um monte alto e elevado… Ele produzirá folhagem, dará frutos e se tornará um cedro majestoso” (Ez 17, 22-23). Mesmo de um povo tão frágil e pouco numeroso, a promessa divina fez surgir o Messias, qual planta altaneira produtora de vida para o bem da humanidade.
Jesus deixou sua Igreja como continuação de sua presença salvadora na história humana. Qual árvore frondosa, ela tem potencial vitalizante com os dons de Deus para a santificação das pessoas. O ser luz e sal é próprio de sua vocação, apesar de ser santa e pecadora. Mas prima pela ação de Deus, que faz do frágil um elemento produtor de vida. Alguns querem seus membros como anjos, sem defeito. Quando o humano aparece, as pedradas nela lançadas são muitas, principalmente dos que não aceitam a proposta ideal de Jesus com seus desafios de geração de vida perene. Mas, apesar de tudo, o ser da Igreja é baseado na ação divina. Quem tem fé amadurecida sabe distinguir o frágil das pessoas do ser e da ação da Igreja como tal.
O divino Mestre ensina sobre a vocação de quem trabalha do seu reino: “É como quando alguém espalha a semente na terra. Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece. A terra, por si mesma, produz o fruto” (Mc 4, 26-27). De fato, a natureza do reino já é fecunda pela força do Rei e não pelo agricultor que nela planta e dela cuida. Quem faz germinar a semente é quem é dono da vida nela contida. É assim a força da Igreja, por mais humana que ela seja. Não é sem propósito a afirmação de Jesus: “As portas do inferno não prevalecerão contra ela”.
A fertilidade dessa árvore a faz espalhar semente por toda parte, mesmo se ela não for tão ágil. As sementes amadurecidas vão caindo de seus galhos e germinam onde o terreno for propício para o seu desenvolvimento. Quanto mais o cultivo se der, mais as sementes vão germinando e multiplicando sua fecundação e produção de vida. As carências vitais do ser humano são muitas. Por isso mesmo, o Messias instituiu sua Igreja para ajudar a superar as carências humanas: falta de ética, de justiça, de respeito à vida, à dignidade humana, ao meio ambiente, aos deixados de lado em termos de cidadania…
A consciência de ser Igreja leva a pessoa a amoldar-se diuturnamente ao Mestre, com a prática do serviço a quem precisa ser fecundado de esperança e paz. As bem-aventuranças são a carta modelo de estímulo a quem realmente quer aceitar as coordenadas do Salvador. Mesmo no enfrentamento do paganismo, do materialismo e do hedonismo, a pessoa crística mostra sua pertença à Igreja através de suas atitudes coerentes com sua fé. Nas famílias, nas profissões, na política, na mídia e em todas as atividades humanas, quem é realmente membro da Igreja de Cristo tem comportamento coerente com sua pertença nela e age conforme os ditames do Evangelho. Não separa o ser religioso do ser profissional.
