Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Para o segundo dia mundial dos avós e idosos, o Papa Francisco escolheu, como tema, o texto do Salmo 92, 15: “Dão fruto mesmo na velhice”. A reflexão considera, em primeiro lugar, a fecundidade generosa e criativa dos avós e idosos que, mesmo após a aposentadoria, e de ver os seus filhos autônomos e responsáveis por novas famílias, ou outras vocações, continuam a exercer uma missão humanitária e civilizatória importante e sublime para todas as gerações.
Embora a tempestade da pandemia tenha ceifado valiosíssimas vidas de nossos queridos avós, sua presença e legado torna-se cada vez mais eloquente e expressivo. Eles nos fazem lembrar que uma pessoa não vale somente pelo que produz, acúmulo de bens, ou sua força e beleza corporal, mas, fundamentalmente, pela sua sabedoria amorosa e pelos relacionamentos que cultiva.
A primazia do ser sobre o funcional, dos valores e da espiritualidade para além dos resultados e do eficientíssimo, da experiência e do testemunho de vida, para além de performances e da mera aparência. Nos ensinam, como Santo Agostinho, que nossa vida hoje é, como aquele que corre muito, veloz, sim, mas fora dos trilhos e sem saber para onde vai.
Neste tempo de mudanças ou de repensar a nossa forma de viver, eles nos ajudam a encontrar o essencial, o inegociável, que nos torna sensíveis, compassivos e atentos ao sofrimento. Feliz de quem já se acolheu ou abrigou no colo do avô, compartilhou suas histórias e narrativas cheias de colorido e beleza, ou degustou da culinária da avó, ou escutou seus conselhos e suas preces de uma fé inquebrantável.
Sim, eles, como São Joaquim e Santa Ana, são os guardiães da Aliança, da vida, do respeito pela Criação e, na sua ternura e paciência, nos educam e partilham conosco o sentido mais profundo e gratificante da nossa existência, a felicidade que o Deus amor quer nos comunicar através de seu Filho, que na sua experiência e natureza humana foi amado por avós. Deus seja louvado!