Banquete aberto para todos

Dom Caetano Ferrari
Diocese de Bauru (SP)

Permanecemos ainda envolvidos nas fortes emoções da grande celebração dos trezentos anos de Nossa Senhora Aparecida. Outubro é mês marcado por Maria, a Mãe do Santo Rosário, a Mãe Aparecida e a Mãe da evangelização. Por causa desta Mãe, o Papa Leão XIII fixou outubro como mês do Santo Rosário. O Papa Pio XI, em 1930, proclamou Nossa Senhora Aparecida Rainha e Padroeira principal do Brasil. Pela Lei nº 6 802, de 30 de junho de 1980, o governo brasileiro decretou oficialmente feriado nacional o dia 12 de outubro, dedicando-se este dia à devoção de Nossa Senhora Aparecida. Também nesta lei, a República Federativa do Brasil reconhece oficialmente Nossa Senhora Aparecida como padroeira do Brasil. O Papa Francisco chamou Maria de “Mãe do Evangelho vivente” na Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium” (A Alegria do Evangelho), que publicou em 2013. A Igreja também instituiu outubro como mês das Missões. É, por isso, que o Papa Francisco escreveu nessa sua Exortação que “Juntamente com o Espírito Santo, sempre está Maria no meio do povo. Ela reunia os discípulos para invocá-Lo (At 1,124), e assim tornou possível a explosão missionária que se deu no Pentecostes. Ela é a Mãe da Igreja evangelizadora e, sem Ela, não podemos compreender cabalmente o espírito da nova evangelização” (nº 284). Como palavras finais do documento, o Papa invocou Maria, dizendo: “Mãe do Evangelho vivente, manancial de alegria para os pequeninos, rogai por nós. Amém. Aleluia”!

No trecho evangélico da santa Missa de hoje, São Mateus narra que Jesus voltou a falar em parábolas aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo – Mt 22, 1-14. O reino dos céus, segundo disse Jesus, é como a história de um rei que preparou a festa de casamento do seu filho. E o rei mandou seus empregados para chamar os convidados para a festa, mas eles não quiseram comparecer. O rei mandou outros empregados para que insistissem no convite, explicando aos convidados que o banquete estava pronto, com os bois e os animais cevados já abatidos e preparados. Mandava dizer-lhes: “Vinde à festa!”. Mas, os convidados não deram a mínima atenção: um foi à sua casa de campo, outro para os seus negócios, outros agarraram os empregados, bateram neles e os mataram. Indignado, o rei mandou suas tropas para matar aqueles assassinos e incendiar a cidade deles. Em seguida, o rei disse aos empregados: “A festa de casamento está pronta, mas os convidados não foram dignos dela. Por isso, ide até às encruzilhadas e convidai os que encontrardes”. Saindo pelas estradas, encontraram muita gente e reuniram a todos os que foram encontrando, maus e bons. A sala da festa, então, ficou cheia de convidados. O rei, vendo os convidados, observou que um homem não estava com o traje de festa. Perguntou-lhe, dizendo: “Amigo, como entraste aqui sem o traje de festa”? Mas o homem nada respondeu. Então, o rei ordenou aos que serviam na festa para que amarrassem os pés e as mãos desse homem e o jogassem para fora, na escuridão, onde há choro e ranger de dentes. E o rei concluiu, dizendo que assim fazia porque muitos são chamados e poucos são escolhidos.

Na linha do ensinamento de Jesus, mais um vez fica evidente que o rei é o Pai do céu que prepara a festa nupcial do seu Filho e convida em primeiro lugar os filhos da aliança, o seu povo escolhido, a sua Igreja. A história se repete, muitos destes filhos, para não se dizer que em certas situações históricas todos, rejeitaram o convite, alegando mil e uma desculpas. Então, o Pai envia os seus mensageiros, profetas e evangelizadores, a convidar pagãos, cobradores de impostos, prostitutas, e estes acabam reconhecendo seus erros e, aspirando à purificação, se convertem e dessa forma revestidos com a veste da graça do perdão invocado e recebido, respondem positivamente ao chamado de Deus. Por várias vezes, Jesus disse estas palavras, que as conhecemos bem: “Os primeiros acabam ficando fora ou por último e os últimos acabam se tornando os primeiros”. Ou ainda: “Cuidem-se que os gentios, os cobradores de impostos e as prostitutas não acabem entrando por primeiro, antes de vós, no reino dos céus”. Nesta parábola, mas com o mesmo sentido, Jesus usa estas expressões: “Muitos são chamados, mas poucos são escolhidos”. Os escolhidos são os que acolhem o convite do Pai; se pecadores e maus, não importa, desde que, convertendo-se, se vistam com o traje do perdão recebido e do compromisso com a justiça do reino.

O Pai do céu, que preparou um banquete nupcial para o seu Filho amado, abriu essa festa para todos, convidando inclusive a todos, muitos, porém, recusando o convite, de dignos tornaram-se indignos, outros, de indignos tornaram-se dignos, vestindo o traje da festa, com exceção daquele que, indignamente, isto é, sem o traje da conversão e do comprometimento com o reino, foi posto para fora, como um réprobo.

A Sagrada Eucaristia é o banquete que a Igreja oferece permanentemente a todos, em memória das núpcias do Filho de Deus com a humanidade, da sua Páscoa consumada na cruz por seu grande amor por todos. A única condição é aceitar o convite e se apresentar vestindo o traje de festa, este sinal exterior do compromisso interior com a causa do Reino de Deus, sua justiça e amor.

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