O rito do batismo tem sido feito na história humana com significados distintos. João, o Batista, fazia-o significando a conversão, para o pedido do perdão dos pecados. De fato, o símbolo da água indica, eminentemente, purificação e alimentação.

Jesus, o Filho de Deus, não precisava de conversão, purificação de pecados e alimento da graça de Deus. Ele quis manifestar a todos que se sujeitava a tudo o que é humano, menos o pecado. Quis aprender a falar quando criança, a escrever, a ser carpinteiro como José… Aos poucos foi revelando sua natureza divina a todos. Culminou com a superação da morte, na ressurreição. Esta é prova cabal de sua divindade!

Mas, sujeitando-se ao batismo de João, Jesus já foi apresentado para os presentes como o Filho de Deus: “O Espírito Santo desceu sobre Jesus em forma visível, como pomba. E do céu veio uma voz: ‘Tu és o meu Filho amado, em ti ponho o meu bem-querer’” (Lc 3, 22). Para quem conhece as Escrituras Sagradas é mais fácil saber sobre o quanto foi avisado o povo judeu a respeito do Messias que estava para vir. Seu batismo, feito por João, mostra que Ele já está presente feito homem na história da humanidade.

Jesus veio instituir um novo batismo, feito com a ação do Espírito Santo. Aliás, no próprio batismo realizado pelo Precursor a Jesus, o Espírito Santo já mostrou a natureza divina do Senhor. O mesmo Espírito está no batismo que todos recebemos, juntamente com o Pai e o Filho. Tornamo-nos também filhos de Deus por adoção. Nossa missão é assumida aí para realizarmos o que o próprio Jesus veio fazer. Mas em nosso batismo, como sacramento, não temos apenas o significado dos símbolos, e sim a realização do que eles significam. De fato, somos purificados dos pecados pela ação do Espírito Santo, em vista dos méritos de Cristo. Somos alimentados com a graça de Deus para sermos pessoas que realizem a justiça misericordiosa de Deus. Tornamo-nos membros da Família de Deus. Somos herdeiros do Reino definitivo. Mas, para o conseguirmos é preciso seguirmos os passos do Mestre, colocar em prática e ensinar o que Ele nos mandou!

O profeta Isaías já falava do Messias: “Pus meu espírito sobre ele, ele promoverá o julgamentos das nações… Não esmorecerá nem se deixará abater enquanto não estabelecer a justiça na terra; os países distantes esperam seus ensinamentos” (Is 42, 1.4). Quem é batizado tenta imitar a Jesus e não deixa nunca de ser seu missionário, levando sua justiça e seus ensinamentos a todos.

Neste ano jubilar da Arquidiocese de Montes Claros, completando 100 anos de Igreja Particular, promovemos as Missões Paroquiais como vontade de realizarmos o pedido de Jesus: “Ide e ensinai a todos o que vos mandei”. Todos são instados a se colocar como membros atuantes no seguimento de Cristo, como seus verdadeiros discípulos missionários. A sociedade precisa de quem lhe indique o caminho de sentido para a promoção da vida e da dignidade de todos. Nós, batizados, não podemos nos omitir!

Dom José Alberto Moura, bispo de Montes Claros (MG)

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