Iniciamos o novo ano desejosos de bênção e paz. “O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!” (Nm 6, 26). Quem não quer prosperidade, isenção de problemas, bem estar, boa saúde, bom rendimento, convívio harmonioso, felicidade para si e os entes queridos?
Sozinhos, não conseguimos nosso intento. Precisamos saber conviver com o semelhante, a natureza e o Criador. Jesus lembra que, sem Ele, nada podemos fazer. Mesmo sua paz é diferente da apresentada pelo mundo (conferir em Jo 14, 27). Precisamos também fazer nossa parte, saindo do egoísmo e colaborando com a justiça e o bem comum, através das atitudes de inclusão social.
O Papa Bento XVI nos apresenta bela mensagem de paz, com o título “Combater a pobreza, construir a paz”, retomando palavras de seu antecessor, João Paulo II. De fato, a situação de pobreza crescente e extrema em que vivem muitas populações é ameaça à paz. A diferença entre pobres e ricos, como lembra o Pontífice, ofende a dignidade humana e o progresso de todos.
Na mensagem de paz, o Santo Padre chama atenção à necessidade da globalização espiritual e moral. Não é suficiente olhar para a pobreza material. O “subdesenvolvimento moral” leva às CONSEQÜÊNCIAS do “superdesenvolvimento” negativo. O que está na raiz disso é a “falta de respeito pela dignidade transcendente da pessoa humana”, não se respeitando a “ecologia humana”. Às vezes se associa o “desenvolvimento demográfico” com a pobreza e não se respeita o direito à vida, querendo eliminar-se os pobres. Na verdade, a “população é uma riqueza e não fator de pobreza”.
O Papa lembra as CONSEQUÊNCIAS da pobreza na família com incidência maior na fragilidade e vitimação das crianças. Por outro lado, o armamento mundial consome em demasia o que poderia ser usado para o desenvolvimento dos povos para se ter mais paz. Esta não se dá com armamento bélico, como lembra o Papa Paulo VI. O Sumo Pontífice aborda o problema econômico mundial globalizado e diz. “Por si só, a globalização não consegue construir a paz”. Ela deve favorecer a uma luta para combater a pobreza e promover a justiça e a paz.
Na parte conclusiva, Bento XVI lembra a Doutrina Social da Igreja com o “amor preferencial pelos pobres”, dando-se a base da justiça para se promover a paz. Isso é alimentado pelo testemunho e pelas palavras de Jesus. Ele quer que todos tenham vida (Cf Jo 10, 10). Nós somos corresponsáveis pelo combate à pobreza e a construção da paz. Deus nos dá a vida, a inteligência e a oportunidade de nos desenvolvermos. Fazemo-lo com a interação da solidariedade. Precisamos cultivar no coração humano, a partir da formação do caráter a se iniciar na família, o valor do serviço ao outro, colaborando com o respeito à sua dignidade e à promoção de sua autonomia.
São Paulo nos lembra a paternidade de Deus para todos (Cf Gl 4, 6). Precisamos, por isso, de desenvolver a prática da fraternidade entre nós. A paz, então, começa na pessoa voltada para Deus, com o amor vivenciado na irmandade. Teremos, então, a bênção da paz.