Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
14º Domingo do Tempo Comum
Celebramos neste domingo o 14º do Tempo Comum que é também o domingo do mar. Na semana passada, o 13º Domingo deu lugar à Solenidade de São Pedro e São Paulo e rezamos pela missão do Papa Francisco. Pouco a pouco, vamos chegando na metade desse Tempo Comum, que tem 34 semanas e na metade de desse ano, pois estamos no mês de julho do ano da graça de 2023.
O domingo é o dia do Senhor, pois é o dia que Cristo ressuscitou dos mortos e o domingo ganha um novo sentido. O domingo é um dia em que devemos reservar para participar da celebração Eucarística junto com a nossa família. Fazemos tantas coisas ao longo da semana e devemos reservar ao menos uma hora aos domingos para participar da Santa Missa. Jesus nos ensina o mandamento do amor e do mesmo modo que Ele nos amou devemos transmitir esse amor a todos que convivem conosco.
Quando nos sentirmos cansados e fatigados sob o peso do trabalho semanal, o Senhor nos acolhe e dá descanso. A Eucaristia nos dá forças para enfrentarmos a semana de trabalho e estudo. Jesus nos atrai para Ele e nos alimentamos do seu corpo e de seu sangue. Ao receber a benção dominical, recebemos a força do Senhor que ficará conosco ao longo de toda a semana. O único que pode aliviar o peso de nossos fardos é o Senhor. Descansemos somente n’Ele e não descontemos o peso dos nossos fardos em ninguém.
A primeira leitura da missa desse domingo é do livro da profecia Zacarias (Zc 9, 9-10). Zacarias profetiza o dia em que o rei de Israel entrará em Jerusalém montado em um jumentinho, aclamado por todo o povo. Depois, o próprio Jesus repetirá esse gesto como recordamos no domingo de ramos. Esse rei anunciará a paz e selará uma aliança eterna entre Deus e a humanidade. Anos mais tarde, Jesus selará essa aliança morrendo na Cruz em vista da salvação de todos.
O salmo responsorial é o 144 (145), que diz em seu refrão: “Bendirei eternamente vosso nome, ó Senhor”. O nome do Senhor é bendito para sempre e a aliança que sela conosco é eterna, nós almejamos a vida eterna e depois que morrermos, bendiremos no céu o nome do Senhor.
A segunda leitura é da carta de São Paulo aos Romanos (Rm 8, 9.11-13). Paulo diz que não devemos viver a nossa vida segundo a carne, pois a carne é fraca e nos levará ao pecado. Devemos trilhar a nossa vida segundo o Espírito Santo que recebemos no batismo. Se alguém não tem o Espírito Santo de Cristo contigo, não pertence a Cristo. Esse Espírito é o mesmo que ressuscitou Jesus dentre os mortos e, se tivermos esse Espírito conosco, ressuscitaremos da mesma maneira que Jesus. O Espírito Santo nos ajudará no combate contra a carne.
O Evangelho deste domingo é de Mateus (Mt 11, 25-30). Nesse trecho do Evangelho de Mateus, ele apresenta Jesus fazendo a conhecida oração sacerdotal ao Pai, é uma oração de agradecimento, pois Deus escondeu dos sábios e entendidos a respeito do Reino de Deus e revelou aos pequeninos. Esses pequeninos do Reino reconheceram Jesus como o filho de Deus e Deus quis se revelar neles.
O Reino de Deus é dos pobres e dos humildes, daqueles que praticam a justiça e a caridade, por isso, Deus se revela a eles. Deus não se revela naqueles que praticam a injustiça e naqueles que menosprezam o próximo. O Reino de Deus é daqueles que se abrem ao amor e à ação do Espírito Santo.
Nesse Evangelho de hoje, Jesus convida a todos que se sentem cansados e fadigados a encontrarem repouso N’Ele. Quando sentirmos pesar sobre nós o fardo do dia devemos parar por um momento, se possível ir diante do sacrário e entregar a Jesus as nossas preocupações. Se acaso não for possível ir diante do Santíssimo Sacramento, reze antes de dormir ou na ida e retorno do trabalho.
Jesus é manso e humilde de coração e n’Ele encontraremos descanso. É somente com Ele que devemos “desabafar” as nossas preocupações diárias e com mais ninguém. Ele, por intermédio do Espírito Santo, nos ajudará a resolver aquilo que nos pesa sobre os ombros. Devemos confiar somente em Jesus, Ele nos tomará sobre os ombros e nos ajudará a levantar.
Celebremos com alegria esse 14º Domingo do Tempo Comum e entreguemos a Ele todas as nossas preocupações e sofrimentos, Ele é manso e humilde de coração e aliviará a nossa dor. Busquemos o Senhor constantemente no sacrário, criemos uma intimidade com o Senhor e os nossos problemas se resolverão. Ele quer se manifestar a nós, abramos o coração e deixemo-nos guiar pelo Espírito Santo para que isso aconteça.