O segundo dia da Conferência de Aparecida foi dedicado a ouvir o relato da realidade das conferências episcopais dos países. Segundo o bispo de Engavitá, Colômbia, e porta-voz da V Conferência, Mons. Hector Gutiérrez, os presidentes das conferências expuseram a realidade da Igreja abordando a vida pastoral, sacerdotal e profética de cada país. “Os bispos relataram, ainda, as dificuldades de ordem política, social e financeira de seu país”, explicou.
Os bispos começam agora a formar as comissões de trabalho. De acordo com o porta-voz, na última sessão de hoje deve ser escolhida a Comissão de Comunicação que deverá ser composta de três ou quatro bispos. Amanhã deverão ser escolhidas as outras comissões.
Dom Geraldo Lyrio
A missa de abertura dos trabalhos, nesta terça-feira, 15, foi presidida pelo arcebispo eleito de Mariana e presidente da CNBB, Dom Geraldo Lyrio Rocha.
“A vida dos cristãos, voltada para a justiça, deve colocar em luz a justiça de Cristo, na media em que cristãos vivem do Espírito que Jesus lhes envia”, disse dom Geraldo durante sua homilia. “Ontem como hoje, o Espírito de Deus desperta nos discípulos de Jesus a coragem para anunciar os valores autênticos e a engajar-se efetivamente na contestação dos contra-valores”.
Para o arcebispo, essa contestação não pode ficar apenas na denúncia verbal, mas deve se encarnar “na promoção dos valores evangélicos nas situações concretas da vida”.
Leigos
Designados pela Conferência para a coletiva desta terça-feira, três leigos participantes da Conferência abordaram questões relativas à atuação política da Igreja, à participação da mulher na Igreja e à Teologia da Libertação.
Fazendo uma análise positiva do discurso do papa, o diretor do Observatório Social do Celam, Rodrigo Guerra, do México, disse que na mensagem dirigida aos participantes da V Conferência, Bento XVI mostrou que acompanha a América Latina. Segundo Guerra, o papa mostrou os “valores e recursos das comunidades autóctones” e está certo ao reafirmar que “a Igreja não tem compromisso com a política partidária e ideológica”.
Citando as cifras que revelam as desigualdades na América Latina e a má distribuição de riquezas, Guerra entende que, com seu discurso, o papa lança os leigos “com grande força para recuperar os espaços perdidos”, referindo-se ao compromisso político dos leigos.
Já a socióloga brasileira Sandra Ferreira destacou a palavra do papa em relação à participação da mulher na sociedade e na Igreja. “O papa sublinhou o machismo falando da família. Mas nós sabemos que o machismo ultrapassa esse aspecto”, disse a socióloga. Para ela, o papel da mulher na Igreja deve ser visto à luz do papel de Maria e “constitui um desafio ao aprofundamento da teologia atual”.