Em visita ao então Papa João Paulo II, os bispos de Minas Gerais e Espírito Santo recebemos dele um texto com reflexão e orientação a respeito da família. O Pontífice nos lembrou a grande necessidade de contribuirmos com a formação da família, que é verdadeiro canteiro onde se cultiva o bem ou o mal, dependendo de seu cuidado para produzir o ser humano orientado para a vida de sentido.
Jesus faz a comparação do terreno onde são lançadas as sementes. Se o chão for duro, com mais pedras do que terra, mato denso onde a nova semente ficaria abafada, os frutos não são promissores. Encontramo-nos diante da realidade avessa à boa constituição e o desenvolvimento promissor da família. O matrimônio de novela ou de cunho materialista, o hedonismo, o descompromisso com um ideal de vida com valores além do bem-estar provisório buscado como finalidade, a má preparação para o casamento, que torne um encaminhamento de vida entre os cônjuges uma verdadeira parceria de amor para a busca de um ideal no mútuo apoio inviabilizam a formação de um verdadeiro canteiro de vida realizadora para seus membros. O terreno bom da aceitação de uma vida em comum, no autêntico amor, tornando as pessoas responsáveis pela vocação de criar verdadeira comunhão de vida para a mútua ajuda na consecução de sua realização, tendo em vista o projeto de Deus, cria condições para se darem frutos bons para todos. Jesus lembra. “Outras sementes, porém, caíram em terra boa e produziram à base de cem, de sessenta e de trinta frutos por semente” (Mt 13, 8).
A oposição à formação da família vem apresentada pela sociedade de consumo e pela prática de convivência desvinculada de um sentido de ideal inerente à constituição de um pacto de amor perene. Isto também se vê na busca de novo referencial para a construção da mesma com valores mais atinentes ao matrimônio cristão. Ninguém tem isenção de limites, nem mesmo os que se casam com a dimensão do amor cristão. Mas, com melhor preparação, podemos formar um terreno hábil para que a felicidade, embora relativa nesta terra, possa tornar-se mais realidade para cônjuges e filhos no desenvolvimento da comunidade familiar.
O próprio Divino Mestre faz a comparação: para se construir uma casa sólida, é preciso haver um bom alicerce. Caso contrário, é só vir uma forte ventania para derrubar a casa. Hoje vemos até fracas ventanias derrubarem a construção do matrimônio e da família. Seu embasamento se dá muito no alicerce da areia movediça de interesses e busca de experiência de modo inadequado. O próprio namoro hoje torna-se como um produto experimentável, sem intenção e encaminhamento para uma responsabilidade ou possibilidade de encaminhamento justo ao casamento. É indispensável formar a juventude para valores que dêem base à sua verdadeira realização no matrimônio. Não basta uma educação sexual para explicar como não pegar doenças como a Aids e outras, usando-se preservativos. A pura banalização do sexo não torna as pessoas mais aptas para não pegarem os vírus da irresponsabilidade matrimonial e a falta de compromisso para se levar a efeito o verdadeiro amor conjugal.
A dignidade do matrimônio passa pela formação de valores para se assumir um projeto de vida que é alimentado no verdadeiro sentido do amor.