Brasília, Capital Eucarística

A realização de um Congresso Eucarístico é sempre precedida de uma longa e cuidadosa preparação que envolve indivíduos, famílias, grupos, instituições privadas e poderes públicos que têm diante de si o desafio de não cuidar apenas de aspectos logísticos, mas de criar condições para que cresçam nos fiéis a fé na Eucaristia e o amor à Eucaristia. A complexidade da fase preparatória, por certo, é enfrentada com um quadro de pessoas comprometidas e com a indispensável disponibilidade de recursos financeiros. Obviamente, a Diocese onde se realiza o Congresso tem a responsabilidade de articular todas as forças envolvidas, em vista da necessária eficiência na realização de todas as frentes de atividade. Assim sendo, a Arquidiocese de Brasília enfrentou o desafio de preparar o XVI Congresso Eucarístico, na comemoração de seu cinquentenário e da Capital do País. No período de 13 a 16 de maio de 2010, Brasilia, Capital Federal, se torna Capital Eucarística. Esse evento religioso ocorre pela segunda vez na cidade, fato que não soe acontecer comumente; o primeiro foi celebrado de 27 a 31 de maio de 1970, na comemoração dos 10 dez anos de inauguração da Nova Capital e da instalação da Arquidiocese de Brasilia.

Para os católicos, o Congresso Eucarístico torna Brasília capital da fé eucarística e essa é a razão de sua realização. A fé na Eucaristia é fruto de uma adesão sacramental, graças à catequese recebida e à evangelização acolhida na mente e no coração. Somente iluminado pela fé, o cristão se aproxima da Eucaristia, mistério que mais o aproxima de Jesus Cristo, conforme o ensinamento de São Cirilo de Jerusalém: “Sob a espécie de pão te é dado o corpo e sob aquela do vinho o sangue, a fim que, sendo partícipe do corpo e do sangue de Cristo, tu te tornes concorpóreo e consanguíneo com ele”. A Eucaristia é um grande mistério de amor do Senhor que gera a maior e mais plena comunhão com os seus discípulos, como ensina São Leão Magno: “A nossa participação no corpo e sangue de Cristo age de tal modo que nos transformamos naquele que recebemos.” Na última ceia, opera-se aquele que Santo Tomás de Aquino diz ser o maior milagre de Jesus – a transformação do pão no seu Corpo e do vinho no sangue. “Mistério da fé”, proclama a assembleia, em cada celebração da Santa Missa. Mistério que acontece em razão do poder que os Apóstolos receberam de Jesus, quando lhes disse: “Fazei isso em memória de mim”. Mistério que é atualizado em cada Celebração Eucarística, graças ao instituto da sucessão apostólica, um providencial e precioso dom de Jesus à Igreja, mediante o qual o Sacramento da Ordem, no grau presbiteral, confere aos sacerdotes o poder de celebrar a Eucaristia.

“Eucaristia, Pão da Unidade dos Discípulos Missionários”: eis o tema do Congresso Eucarístico. Eucaristia, unidade, discipulado e missão são realidades muito próximas e intimamente relacionadas. A Eucaristia é o alimento que gera a unidade dos discípulos de Jesus que, por Ela nutridos, assumem a missão de anunciar a Boa Nova. A unidade, por conseguinte, é um ideal que deve ser objeto de permanente construção, por parte dos discípulos, também objeto de conquista no interior da comunidade cristã, sob pena de se tornar vazia a recepção da Eucaristia. O mandado “Ide e anunciai” é tipicamente eucarístico, já o dizia o “Ite, missa est” na despedida dos fiéis, ao encerrar-se a celebração da Missa. O Congresso Eucarístico acolhe discípulos missionários da Arquidiocese de Brasília e do Brasil e os envia em missão, com a responsabilidade de testemunharem sua fé eucarística e o amor fraterno. O lema do Congresso expressa o estado de espírito dos discípulos de Emaús, diante das descobertas que lhes trouxe a caminhada ao lado de Jesus, então desconhecido, a ponto de lhe pedirem: “Fica conosco, Senhor!” Na verdade, somente o reconheceram quando “tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu-o e deu a eles.” (Lc 24,30) A Igreja, que já reconhece Jesus Eucaristia, continua fazendo o pedido dos discípulos de Emaús, em face dos desafios, das incertezas e dos contratempos da vida e da história.

Que a Eucaristia seja vida para as cinquentenárias Arquidiocese e cidade de Brasília, para que se mantenham em caminhada, visando a realização de sua vocação, respectivamente, eclesial e política, sempre na perspectiva de serviço ao seu povo.

Dom Genival Saraiva

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