Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
A 289ª Festa de Santo Amaro reaviva em nós a esperança que brota da experiência de caminhar juntos. Seguindo os passos deste monge missionário, e apóstolo da paz e da reconciliação, aprendemos que todo caminho é sagrado, como afirmava Beto Colombo, que fez oito vezes o caminho de Santiago de Compostela.
De fato, quando caminhamos nos harmonizamos e nos encontramos com o nosso verdadeiro self, o íntimo do mais íntimo. Somos capazes de descobrir o sentido mais profundo da vida e nos alegramos de descobrir o que, pela pressa e ansiedade, não vemos: a beleza da Criação, sentindo-nos unidos amorosamente a ela.
Como peregrinos e itinerantes temos mais tempo de, no silêncio e na escuta, acolher narrativas e buscas de pessoas que se tornam irmãos de caminhada, mestres e guias da trilha que nos conduz à perfeição e plenitude. Caminhar é preciso para sair da mesmice e da rotina doentia de uma existência fechada e sem horizontes que nos levou a ficarmos alheios e estranhos ao banquete da vida, tornando-nos seres desenraizados e exanimes, com exaustão e cansaço de tudo.
No andar, desenvolvemos não só uma resiliência física, mas adquirimos uma visão e uma percepção mais integradas, tornando-nos pessoas mais lúcidas e conscientes que despertam para a unicidade e a conexão das teias da vida e da transcendência, iluminando e clareando nosso propósito e nossa sede de ser.
Neste ano que nossa querida Pátria celebra o bicentenário de sua independência, somos convidados a repensar, juntos, um projeto de Nação, que inclua a todos/as, caminhar para encontrar nosso destino comum na América Latina e no mundo, tecendo vínculos em torno a princípios e valores que alicercem uma nova convivência social justa, fraterna e equitativa.
Que Santo Amaro inspire uma verdadeira libertação da pandemia e das estruturas desiguais e inumanas, fazendo acontecer o milagre da solidariedade compassiva que cuida de todas as pessoas e criaturas, restaurando o paraíso possível na nossa querida Terra brasiliense. Deus seja louvado!
