Dom Gil Antônio Moreira
Neste tempo de preparação para o Natal, a Igreja no Brasil celebra a Campanha da Evangelização. Tive a honra de estar na CNBB, na função de Subsecretário-Geral, quando, em 1988, se decidiu realizar, a cada ano, a referida Campanha com o objetivo de incentivar em cada fiel católico a sua condição de evangelizador e de animá-lo a fazer gestos concretos de participação na obra evangelizadora. Ser discípulo de Cristo significa necessariamente anunciá-lo. O Papa Paulo VI, falecido em 6 de agosto de 1978, o grande condutor do Concílio Ecumênico Vaticano II, afirmou com muita propriedade que a Igreja existe para evangelizar. Esta é a missão de toda a Igreja e de cada um de seus membros, fiéis aos ensinamentos dos Apóstolos, em comunhão com o Sucessor de Pedro.
A Campanha da Evangelização se dá no tempo do Advento, como a Campanha da Fraternidade se dá no tempo da Quaresma. Atualmente, a campanha tem início no domingo de Cristo Rei, ou seja, uma semana antes de se iniciar o Advento, para que possa ser levada às comunidades em quatro semanas, e não apenas em três como anteriormente. No terceiro domingo do Advento, é feita a coleta de auxílio material à obra evangelizadora católica no país, o que nesse ano ocorrerá dia 12 de dezembro. Com o seu resultado se possibilita o trabalho pastoral em nível nacional, regional e diocesano, uma vez que é dividido entre estas três instâncias, visando a aplicação das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil.
A Campanha se revela como partilha fraterna entre as Igrejas locais, pois foi iniciada naquele ano de 1988, como oportunidade de colaboração entre as regiões mais abastadas e aquelas mais carentes, a fim de que não falte nada a ninguém no trabalho da evangelização. Ela se inspira nas primeiras comunidades mostradas pelo livro Atos dos Apóstolos, onde tudo era posto em comum. Os relatos dos capítulos 3, versículos 42 a 45 e do capítulo 4, versículos 32 a 37 deste livro bíblico são expressões daquilo que se deve, de alguma forma ser recuperado na Igreja atual. A necessidade e o dever da partilha estão explícitos na literatura neo-testamentária, sobretudo nas cartas de Paulo, como, por exemplo, em 2ª Coríntios, 8 e 9, e em 1Timóteo 6, 1.
A iniciativa vem produzindo frutos animadores, mas deve ainda crescer muito mais. Ela está longe de ter a expressividade da Campanha da Fraternidade já consolidada nos passados quarenta anos. Ela precisa crescer tanto em sua ação formativa, motivadora de missionariedade, como nos resultados financeiros de sua coleta.
Outro objetivo da Campanha é, aos poucos, irem as comunidades do Brasil se auto-sustentando não tendo mais que depender indefinidamente dos irmãos de países da Europa ou da América para cobrir suas necessidades pastorais, uma vez que, hoje em dia, há regiões no mundo muito mais carentes que nós e que necessitam, sem alternativas, destas ajudas estrangeiras.
Desde 1988, os temas da Campanha da Evangelização no Brasil foram os seguintes: 1998 – Solidariedade na Evangelização; 1999 – Abri as portas ao Redentor; 2000 – Evangelho para todos; 2001 – Somos Igreja que evangeliza; 2002 – Lançando as redes com o Cristo; 2003 – Solidários na Evangelização; 2004 – Participar é Evangelizar; 2005 – até chegar ao tema atual que é Encarnação e Nova Criatura.
A coleta da Campanha para a Evangelização é distribuída da seguinte maneira: 45% ficam na própria diocese, 20% vão para o Regional da CNBB e 35% é destinado a CNBB.
É importante que cada cristão se conscientize de sua responsabilidade na construção de um mundo novo sob as bases do amor a Deus e ao próximo, anunciando Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro, caminho, verdade e vida!