A fraternidade humana se manifesta no dever da solidariedade e da justiça social e a paz, por que todos ansiamos, é fruto do amor que nos faz irmãos. É por isto que todos os anos, na quaresma, a Igreja do Brasil se preocupa em despertar nos seus fiéis o espírito de fraternidade, de colaboração, de auxílio mútuo. Neste ano o sentido de fraternidade nos leva a refletir sobre a segurança.
O tema é, no momento atual do Brasil, de máxima importância. Vivemos, sobretudo nos centros maiores, um lamentável clima de insegurança: muita violência que gera o medo e tira a paz.
Não é difícil provar que o cidadão pacífico vive no temor e na insegurança. No trânsito o número de desastres, sobretudo na época do carnaval, é assustador. O guarda rodoviário, no último dia de carnaval, disse na TV que as multas nas estradas se multiplicavam a cada minuto. Pouco amor à vida própria e dos outros.
A espantosa super-população carcerária é, sem dúvida, a prova da violência no convívio humano. Tem havido até, em escolas, alunos que levam armas na maleta de livros, tirando a tranquilidade de professores e colegas. Até aí a chegou a violência.
Nunca me esqueço das duas vezes em que fui assaltado à noite, na minha residência, amarrado na cama, tendo perdido, no roubo, a cruz peitoral, o anel episcopal e algum dinheiro. Há pouco tempo, os que somos vizinhos soubemos dos apuros que passou uma família no nosso quarteirão: assaltantes às dez da noite.
Por isto, a Igreja do Brasil nos propõe nesta quaresma, para estudo e reflexão, o oportuno tema da segurança. Temos de, à luz do Evangelho, a necessidade urgente de construir uma sociedade solidária, pacífica, justa e fraterna. Numa palavra: uma sociedade em que se possa viver em clima de paz, que é fruto da justiça.
Somos pois convidados neste período a refletir sobre os grandes males da violência, sobre a necessidade da segurança pública, sobre nossa vocação cristã para o amor fraterno e a solidariedade.
Os anjos, esvoaçando pelos céus na estrelada noite do nascimento de Jesus, anunciaram a paz aos que têm um coração sempre disposto para o amor. Só mesmo o amor pode transformar-nos e dar à convivência humana um clima de paz e de fraternidade. Reflitamos e empenhemo-nos.
O tempo quaresmal é convite e apelo.