Regionais da Amazônia se articulam em campanha emergencial para enfrentar consequências da seca

Com a seca e a diminuição do nível dos rios, comunidades ribeirinhas da Amazônia têm enfrentado dificuldades para acessar água potável e alimentos. É nesse contexto que bispos e lideranças pastorais estiveram reunidos de modo virtual, na tarde desta segunda-feira, 9 de outubro, para alinhar uma iniciativa emergencial para ajudar as comunidades que sofrem com a seca.

O encontro, facilitado pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam-Brasil), foi oportunidade de partilhas por parte de representantes dos Regionais do Norte do Brasil sobre a situação dos rios e as consequências enfrentadas pelas comunidades. O encontro teve a participação do bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers.

Seca

No Amazonas, com a seca dos rios e o aumento das temperaturas, muitos ribeirinhos perderam a possibilidade de pescar, além de perder plantações que contavam com a irrigação dos rios. Várias comunidades estão isoladas. Entre as preocupações, há o medo de que a água não volte mais a correr na região, além das outras consequências na questão climática.

Para atender as comunidades isoladas com alimentos e água potável, há um desafio logístico para levar os recursos, por falta de condições de os barcos navegarem e o alto custo para acessar com aviões as regiões.

A forte estiagem no Amazonas intensificou as consequências de um fenômeno natural na região e agora afeta “de forma severa” a vida da população, com alterações como elevação do clima e morte de peixes e mamíferos aquáticos por conta do aumento da temperatura da água.

“Com a seca desses lagos e rios, as comunidades que sobrevivem das águas, passam a sentir o efeito da estiagem de forma mais drástica e intensa, com a falta de água para consumo e para as atividades do dia a dia, devido à contaminação, trazendo grandes riscos para a população ribeirinha, principalmente pela morte dos peixes, assim como também a falta de alimentos”, informou a Cáritas da prelazia de Tefé, em anúncio da sua campanha emergencial.

Rosana Barbosa, professora da Universidade Federal do Amazonas, chamou atenção para as causas do fenômeno que ocorreu de forma mais intensa em 2023. As mudanças climáticas e o El Niño extraordinário, mais severo que os últimos, têm tem causado esse prejuízo para a Amazônia. Ela salientou que especialistas destacam que os efeitos podem ser sentidos até 2024. “O que preocupa não é só o El Niño, mas as emissões que vão ocorrendo no mundo todo”, destacou Rosana.

Além das partilhas, os participantes pensaram em formas para contribuir emergencialmente para atender às necessidades mais urgentes das populações, com a captação de recursos e articulando ações com os governos. Também foram refletidas intervenções estruturais, como sistema de tratamento de água, captação e conservação das águas nos tempos de seca; e análise da realidade do clima e posicionamentos exigentes por políticas de proteção aos biomas no Brasil.

 

Solidariedade

Uma das campanhas partilhadas foi a realizada pela prelazia de Tefé (AM), onde são observadas as consequências da seca em pauta. O bispo local, dom José Altevir da Silva, gravou um vídeo no qual pede doações para a Campanha. Segundo ele, a iniciativa deve ajudar os ribeirinhos a ter, “com a nossa solidariedade, possibilidade de enfrentar esse grande fenômeno que ameaça a vida da natureza e dos nossos povos”.

A CNBB contribuiu com a liberação de recursos do Fundo Nacional de Solidariedade para a prelazia de Tefé e também vai colaborar com outras Igrejas particulares que enfrentam as consequências da seca.

Dom Ricardo motivou a Repam a mobilizar junto com a Cáritas Brasileira uma campanha emergencial junto com os regionais para sensibilizar o povo brasileiro para essa realidade, o que foi apontado também por outros participantes. A iniciativa de mobilização e arrecadação de recursos deve ser lançada nos próximos dias.

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