Cardeal Câmara, o “homem que soube servir com tenacidade convertida em fervor”

O segundo presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o cardeal Jaime de Barros Câmara teve papel fundamental no projeto de fundação da Conferência Episcopal. Na série “CNBB – Rumo aos 65 anos”, conheça o homem que, de acordo com os críticos da época, era conhecido por “servir com tenacidade convertida em fervor”.

Nascido em 1894, em São José (SC), dom Jaime de Barros Câmara teve uma infância simples e humilde. Seu ministério episcopal foi marcado pela bondade, humildade e apego às orações e à tradição litúrgica. O cardeal era “um homem avesso à pompa e à ostentação”, como diziam os jornais da época.

Padre Jaime, por ocasião de sua ordenação sacerdotal, em 1920. Foto: Santuário de Nossa Senhora do Caravaggio de Azambuja

Ordenado sacerdote em 1920, em Florianópolis (SC), dom Jaime na época, com 26 anos, atuou na arquidiocese de Florianópolis. Por lá desempenhou importantes papeis, inclusive o de reitor de um dos seminários da arquidiocese e do Santuário de Nossa Senhora do Caravaggio de Azambuja. Em 1935, foi nomeado camareiro secreto do papa Pio XI, passando a usar o título de monsenhor.

Assumiu a diocese Mossoró, no Rio Grande do Norte, em 1935, quando o papa Pio XI o nomeou. Em 1941, era a vez de assumir a arquidiocese de Belém do Pará, onde durante seu governo pastoral promoveu a reforma dos estatutos do seminário, e criou o Colégio Progresso Paraense, a sede do Círculo Operário e o Seminário Ferial, locais que hoje assumem outros nomes. Em 1943, foi designado pelo papa Pio XII para a arquidiocese do Rio de Janeiro. Por lá deu grande apoio às igrejas orientais no Brasil, como é o caso da Igreja de São Basílio, erigida por ele como paróquia.

“Dom Jaime nunca foi homem de rompantes nem quixotadas e sempre soube conciliar, mais do que qualquer outra autoridade eclesiástica, sua sincera e profunda adesão à Igreja Católica com uma tolerância cristã em face das fraquejas humanas”, trecho de artigo publicado no jornal “Correio da Manhã”.

Cardinalato

Na foto, dom Jaime Câmara já tinha sido criado cardeal. Foto: Santuário de Nossa Senhora do Caravaggio de Azambuja

No consistório presidido pelo papa Pio XII, em 1946, dom Jaime foi criado cardeal com o título dos santos Bonifácio e Aleixo, do qual tomou posse solenemente em fevereiro do mesmo ano. Foi como cardeal e arcebispo do Rio de Janeiro que participou da assembleia de instalação da CNBB, em sua residência, no Palácio de São Joaquim, em 1952, no Rio de Janeiro.

No dia 14 de outubro nascia então a CNBB, a ata de instalação contou com a assinatura dos cardeais Jaime e Carmelo, 17 arcebispos do Brasil e o Núncio Apostólico.

“Dom Jaime exerceu também a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, e era Secretário do regional Leste 1 da CNBB (reeleito). Destacou-se também Dom Jaime, pelas suas inúmeras e contínuas visitas pastorais bem como retiros para religiosas”, trecho de artigo publicado no jornal “O Dia”.

Além de participar da instalação da CNBB, seis anos depois, em 1958, dom Jaime tomou posse como o segundo presidente da Conferência, após renúncia do seu antecessor reeleito para o cargo. O cardeal exerceu o posto até 1963. Foi ainda durante o seu mandato que houve a divisão da circunscrição eclesiástica da Igreja no Brasil. Criaram-se os primeiros regionais da CNBB que foram decisivos em sua dinamização; hoje são 18 ao todo.

Dom Jaime Câmara faleceu aos 76 anos de idade, no Palácio Paulino, em Aparecida do Norte (SP), em 1971, vítima de um edema pulmonar.

“A Igreja perdeu, com a morte de dom Jaime Câmara, um dos seus mais ilustres prelados, e o povo brasileiro um dedicado pastor, atento aos problemas e sofrimentos de seu grande rebanho”, trecho publicado no jornal “O Dia”.

 

 

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