Documento, assinado por mais de um milhão de pessoas, contém o clamor por justiça e por uma ação climática a favor da humanidade e da criação
O arcebispo emérito de São Paulo (SP) e presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), cardeal Cláudio Hummes, entregou às autoridades das Nações Unidas e do Governo Francês petição assinada por cerca de 1,8 milhão de pessoas de diversas partes do mundo, que clamam por justiça e por uma ação climática a favor da humanidade e de toda a criação. As assinaturas foram coletadas pelo Movimento Católico pelo Clima. Participaram do ato de entrega, ocorrido ontem, 28, na basílica de Saint Dennis, em Paris, além dos líderes do Movimento, membros da Repam, Cáritas Internacional e líderes religiosos de diversos credos do mundo.
Na ocasião, dom Cláudio afirmou que “a paz e a proteção da criação são objetivos que sempre estão juntos e que em Paris e em muitas cidades do mundo estão os ativistas católicos juntando suas mãos com muitos irmãos e irmãs de diversas religiões e comunidades de fé, clamando justiça pelo planeta, pelos pobres, pelos indígenas e pelas gerações futuras”.
A petição teve como inspiração a encíclica do papa Francisco, Laudato Si’, e apela às autoridades para que “reduzam drasticamente as emissões de carbono de modo a manter o aumento da temperatura global abaixo do limite perigoso de 1,5 graus Celsius, e para ajudar os pobres do mundo a enfrentar os impactos da mudança climática”.
Segundo o cardeal, os que firmaram a petição conhecem os impactos. “Porque os combustíveis fósseis aumentaram a cobertura natural do dióxido de carbono em torno do planeta; nossa atmosfera retém agora, cada vez mais, a energia solar. Essa realidade agrava-se, com a devastação das florestas de nosso planeta, como nas bacias do rio Amazonas e do rio Congo, que conheci diretamente por meio do meu trabalho com a Repam. Com a perda de tanta área florestal maravilhosa, pela atividade humana, nosso planeta perde a capacidade de absorver o dióxido de carbono”, explicou.
Dom Cláudio disse, ainda, que muitas comunidades, “especialmente as mais vulneráveis, sentem os resultados do aguilhão da seca, da devastação das inundações súbitas e violentas, do desaparecimento das espécies nas águas onde as famílias pescavam durante séculos”.
O arcebispo recordou a oração de São Francisco e falou que ela não é passiva. “Nos pede para viver os caminhos de Deus, semear sua presença dentro da história humana. Ela exige coragem de viver o amor a tudo o que Deus criou”, acrescentou.
Ao final expressou alegria por estar junto dos “irmãos e irmãs católicos no clamor aos negociadores da da 21ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21) para que desenvolvam os marcos internacionais necessários para uma justiça climática e, também, para alcançar a prudência e a firmeza que, com a graça de Deus, protegerão a criação e ajudarão a trazer a paz a todo o mundo”.
A COP21 ocorre de 30 de novembro a 11 de dezembro, em Paris, na França.
Com informações e foto da Repam (www.redamazonica.org)