De Atenas Paulo parte para Corinto, na província da Acaia, onde terá a oportunidade de escrever de novo aos fiéis de Tessalônica. Havia sempre alguém viajando, que trazia notícias e correspondências. Foi assim que Paulo ficou sabendo de algumas interrogações que preocupavam os tessalonicenses e, para ajudá-los, escreve mais uma carta. Esta carta e a anterior enviada de Atenas formam a carta canônica que está na Bíblia, chamada de Primeira aos Tessalonicenses. Os tessalonicenses tinham perguntas sobre a “parusia”, isto é, sobre a vinda definitiva do Senhor. Quando é que Jesus vai vir para levar-nos com ele para o céu? E o que vai acontecer com os nossos mortos? Perguntavam sobre os mortos porque tinham certeza de que o Senhor viria logo naqueles dias e os levaria vivos para o céu, mas e os que já tinham morrido, o que aconteceria com eles?
Sobre a vinda do Senhor, Paulo diz com muita clareza que não sabemos quando será (1Ts 5,1-11). Ele virá a qualquer hora, em qualquer momento. Portanto, que ele não nos pegue de surpresa fazendo o mal, mas nos encontre como filhos da luz, agindo positivamente. É necessário, pois, estarmos sempre vigilantes, atentos e preparados. O importante mesmo é estar agora e sempre unidos com ele. “Vivamos em união com ele”, escreve o apóstolo. O resto é secundário.
Quanto aos mortos, eles ressuscitarão e irão para o céu na frente dos que estiverem vivos (1Ts 4,13-18). Ao falar dos mortos, Paulo usa uma linguagem figurada para descrever o que acontecerá. Não devemos nos perder na linguagem e sim perceber a realidade para a qual ela nos encaminha. Paulo fala de um sinal, da voz do arcanjo, do som da trombeta, do arrebatamento, das nuvens, dos ares. É uma maneira de dizer as coisas, ou um gênero literário. Os mistérios de Deus e as coisas futuras são ditos com linguagem humana, e linguagem variada em seus estilos. É o modo bonito de se dizer o que vai acontecer, embora não signifique que é assim que vai acontecer.
Nesta carta escrita em Corinto, Paulo reforça o seu pensamento com um artifício literário chamado “tríade”. Por diversas vezes ele usa três expressões para dar ênfase ao que está escrevendo. Ele elogia os tessalonicenses dizendo que eles têm uma fé ativa, uma caridade esforçada e uma esperança perseverante (1Ts 1,3). Ao se referir à missão em Tessalônica, o Apóstolo lembra como a presença dos missionários não foi vazia. E não foi vazia porque a “exortação” feita por eles não teve três defeitos: erro, impureza e trapaça (1Ts 2,3). O erro se opõe à exatidão do ensino; a impureza diz respeito ao uso do ministério para satisfações sexuais; e a trapaça significa falsa propaganda para atrair pessoas para a Igreja. Não foi assim que eles trabalharam. Além disso, eles não foram nem bajuladores, nem gananciosos, nem carreiristas (1Ts 2,5-6). A ausência desses defeitos fez com que a presença e a exortação dos missionários fossem proveitosas ao povo de Tessalônica.
Falando agora de modo positivo, Paulo diz que seu procedimento e de seus companheiros foi bom, justo e irrepreensível (1Ts 2,10). Como verdadeiros pais, eles exortaram, encorajaram e testemunharam para que os tessalonicenses vivessem de maneira digna de Deus (1Ts 2,12). De que forma? Levando vida tranqüila, ocupando-se dos seus negócios, trabalhando com as próprias mãos (1Ts 4,11). Paulo sabe que na comunidade sempre há indisciplinados, desanimados e fracos, mas o trato mútuo deve ser feito com paciência, sem retribuir mal com mal, procurando sempre o bem de todos (1Ts 5,14-15).
Por fim, Paulo recomenda que haja sempre alegria, oração e ação de graças (1Ts 5,16-18). O Espírito não deve ser sufocado, as profecias devem ser valorizadas, é preciso saber discernir (1Ts 5, 19-21).
É assim que devemos estar preparados para a vinda do Senhor. Naquele dia, o nosso ser inteiro, – o espírito, a alma e o corpo, – estará diante do Deus da paz em santidade perfeita (1Ts 5,23).