Brasília-DF, 19 de julho de 2005.
Queridos Companheiros e
Queridas Companheiras participantes do 11º Encontro Intereclesial das CEBs,
Vocês sabem do carinho que tenho pelas CEBs, do reconhecimento do papel que as Comunidades de Base desempenharam na resistência à ditadura militar, na formação dos Movimentos Populares, no apoio ao Movimento Sindical e na formação dos partidos de esquerda, em particular o PT.
Penso que este encontro entre a Fé e o engajamento social, entre a Fé e o engajamento político tem produzido frutos de grande valor para nosso povo e nosso País. Nunca achei que as Igrejas deveriam se transformar em Partidos, nem que a ação política se confunda com a religião. Mas sempre entendi que a verdadeira Fé leva a um engajamento, à luta pela justiça, pela democracia, pela ética.
Queridos Companheiros e Companheiras, não quero esconder de vocês o sofrimento que estamos vivendo nestes dias; sofrimento agudo porque lida com um dos pilares mais importantes de nossa vida militante e política, que é a ética. De minha Mãe aprendi que jamais poderia deixar de olhar nos olhos das pessoas, jamais poderia faltar com a honra e com a honestidade. Foi esse princípio que me guiou até aqui e que nos guiou na construção do novo movimento sindical nos anos 70 e na construção do Partido dos Trabalhadores.
Quero repetir para vocês o que tenho dito desde o início dessa crise política: não tenho medo da verdade, não temos nada a esconder e os erros que foram cometidos deverão ser apurados com serenidade, sem precipitar julgamentos, sem condenar inocentes, mas punindo todos os que erraram, estejam onde estiver.
Engana-se quem anuncia nesta crise o fim do nosso Partido, assim como erra quem afirma que nosso Governo acabou ou não tem saída. A nossa raiz popular, fincada na ética e no desejo de construir um País justo e construir com o nosso Povo uma Nação em que todos tenham seus direitos respeitados, nos dá a seiva, a energia necessária para nos renovarmos, corrigirmos nossos erros e seguir em frente em nossa missão. Somos uma gente nascida na dificuldade, na resistência, na teimosia. Aprendemos a sobreviver na dureza da sobrevivência, da perseguição, das discriminações. Por isso, meus Companheiros e Companheiras, minha preocupação tem sido a de manter os programas de nosso governo, realizar as mudanças que propusemos, andar pelo País encontrando nosso Povo e animando a todos a que não desanimem, nem se deixem levar por aqueles que anunciam o precipício. Este é na verdade o desejo e a intenção daqueles que nunca se conformaram com o fato de um Partido como o nosso ter chegado ao Governo, e com o fato de um metalúrgico, imigrante nordestino, ter chegado à Presidência.
Para concluir quero lhes reafirmar: não tenham medo, não se envergonhem de nossa luta e de nosso projeto. De minha parte, estejam certos, é o mesmo coração, é a mesma mente que um dia se comprometeu com os pobres, com os excluídos deste País que vai continuar lutando pelos mesmos ideais, pelas mesmas causas. Esta causa, Companheiros e Companheiras, não é propriedade nem posse de ninguém, mas é de todos nós. Cada um de vocês, cada um de nós, somos responsáveis pela sua construção. Por isso é que acredito na força da mobilização, na força da militância para que nosso Governo possa de fato honrar seus compromissos e seu Projeto.
Deus abençoe a cada um de vocês, suas famílias, suas Comunidades e sua luta. Um feliz 11º Encontro a todos!
