Com uma missa e um almoço festivo foi encerrado hoje, 31, o período de 100 dias do Curso de Formação Intercultural (Cenfi) promovido pelo Centro Cultural Missionário (CCM). Eram 23 os missionários de 14 países que estiveram em Brasília (DF) nos últimos três meses para se prepararem para a missão no Brasil. A celebração teve a presença dos subsecretários geral e de Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e dos assessores da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e a Cooperação Intereclesial.
Emoção, gratidão, alegria e esperança são sentimentos que saltavam aos olhos. Os missionários, professoras e colaboradores do Centro Cultural Missionário, ao concluir a jornada formativa, reuniram-se em torno da mesa da Eucaristia, que é “celebrada no altar do mundo”, como recordou o diretor do CCM, padre Jaime Luiz Gusberti, em sua homilia.
“Nós celebramos esta eucaristia no altar do mundo porque aqui nós nos reunimos de vários países e a Eucaristia vai além do nosso território e do nosso espaço, quer ser essa grande ação de graças por toda a humanidade”, afirmou.
Padre Jaime baseou sua reflexão em três aspectos: “tudo está interligado nessa casa comum, a Palavra de Deus que ilumina no caminho e missão é sempre partir”.
Sobre o primeiro aspecto, falou do clima que permeou os 100 dias de convivência e a comunhão com diversas iniciativas da Igreja, por meio da vivência, por exemplo, da novena missionária e do Tríduo pelo Sínodo para a Amazônia.
“Tivemos a graça de nos conhecer, de partilhar as nossas alegrias, conhecer as nossas diferenças, que são as quais nos ajudam a crescer e a encontrar caminhos para que o Evangelho continue sendo a alegria, não só para o outros, mas também para nós. O que nos ajuda a crescer é esse amor a Jesus Cristo e aos que nos rodeiam”, disse.
O curso de formação intercultural é baseado em quatro áreas integrais, as quais foram destacadas por padre Jaime: participação e vida comunitária, introdução à sociedade e à Igreja no Brasil, estágio em casas de família e ensino sistemático da língua portuguesa.
“Nós também, na dinâmica da missão, nos alimentamos da espiritualidade, dos momentos de oração pessoal e comunitários, mas também participando de outras comunidades”, lembrou.
Sobre o segundo aspecto, o qual dá destaque à Palavra de Deus, que ilumina a vida e a missão, padre Jaime retomou a passagem do Evangelho de Lucas na liturgia de hoje. O evangelista apresenta o diálogo de Jesus com alguns fariseus que o orientam ir embora da cidade pois Herodes queria o matar. “Hoje também muitos missionários são perseguidos por causa do Evangelho. E às vezes tem pessoas que dizem ‘é melhor você ir embora porque vão te matar’. Mas, em muitos casos a opção é ficar, porque o mais importante é o Evangelho, é dar a vida por Jesus”, disse o diretor do CCM, que ainda salientou que a Palavra de Deus “nos ilumina para que nós tenhamos a mesma coragem de Jesus, que morreu para que nós tivéssemos vida e vida em abundância”.
Missão é sempre partir. Aprofundando o terceiro aspecto de sua reflexão, padre Jaime afirmou que “Igreja não possui uma missão, mas a missão possui uma Igreja” e da mesma forma com os padres, religiosas, religiosos, leigos e leigas. A missão, continuou, “não é abrir casa, mas é colocar o pé na estrada para que nós possamos, assim como o Papa Francisco nos instiga a todo o tempo, irmos ao encontro das pessoas, sobretudo aquelas que estão mais necessitadas. É fazer que o evangelho chegue em todos os lugares”.
Ao final, suplicou que o Espírito Santo de Deus, “o protagonista da missão, inquiete nossos pés para a missão, inquiete nossa vida para sermos uma Igreja cada vez mais próxima de todos”.
A celebração continuou marcada pelas cores, os sons, os ritmos e cantos que revelam a identidade das celebrações missionárias. Ao final, foram entregues cruzes e os certificados para os missionários que concluíram o curso.
O subsecretário adjunto geral da CNBB, padre Dirceu de Oliveira Medeiros, transmitiu o abraço da Presidência da Conferência e agradecimento ao CCM e aos missionários pelo serviço tão importante que prestam à Igreja no Brasil.
Também falou aos presentes a presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), irmã Maria Inês Ribeiro, acolhendo os novos missionários “com muita alegria”. Ela ressaltou que “Deus está sempre presente e o que é mais forte é a certeza dessa presença”.
O diretor das Pontifícias Obras Missionárias (POM), padre Maurício Silva Jardim, agradeceu em nome da equipe pela proximidade. “Para nós, o CCM é uma fonte, um lugar que respira a missão. A presença dos missionários no Brasil recorda que a missão não tem fronteiras, é universal”.
A secretária do CCM, Daniela Gamarra, esteve bastante emocionada durante a celebração, uma vez que ela acompanhou e conviveu de forma muito próxima todos os missionários.
Os missionários no 121º Cenfi
23 missionários
14 países
9 irmãs
8 padres
4 seminaristas
2 leigos (um homem e uma mulher)
Como tem sido recorrente nas últimas edições, há grande participação de missionários da África e da Ásia. Irmã Géraldine Memkoulom, da congregação das Filhas de Maria Missionárias, veio do Chade e irá trabalhar em Santo Anastácio (SP). Ela ressaltou as palestras e o curso como aspectos positivos da formação, além da semana de convivência com uma família do Distrito Federal. “A convivência com a família, em Sobradinho 2, por uma semana não é muito tempo, mas nos ajuda a aperfeiçoar a Língua Portuguesa e para viver também com as famílias naturalmente como a nossa família do país”.
Tinh ToTo é vietnamita e seminarista scalabriniano. Para ele, foi muito significativo o curso: “eu aprendi muitas coisas sobre economia e cultura brasileira, e também coisas de culturas diferentes de vários países que eu convivi com muitas pessoas”. Ele também ressalta o aprendizado da cultura brasileira, das formas como se fala no país, o costume de abraços e as formas de cumprimentar. “Isso é muito bom para iniciar a missão no Brasil, uma riqueza para mim”. O jovem, que tem um bom-humor contagiante, vai para São Paulo (SP), onde irá estudar Teologia. Nos finais de semana, vai para Santos (SP), onde a congregação tem atividades pastorais com os marinheiros.
Irmã Amivi Marcelline Hlomatsi é do Togo e pertence à congregação dos Santos Anjos. De Brasília, voltará para Aracaju (SE), onde já pôde conhecer o local de missão. Lá há uma pequena comunidade paroquial, onde as religiosas desempenham um trabalho com a Infância Missionária e um coral infantil. Sobre o curso, Marcelline avaliou como boa experiência. “Eu cheguei aqui e não falava nada do Português, mas agora posso conversar, entender mais”.
Atuando desde 1979 no ensino de português para estrangeiros no CCM e em Embaixadas, a professora Maria do Socorro Dias, conhecida por Lia, partilhou da experiência de mais um Cenfi.