Centro-Oeste: regional fruto do contexto de renovação e descentralização da Igreja

Encontrar uma proposta de ação única e criar a unidade e harmonia entre os bispos e entre as pastorais no regional, face às diferenças que existem nos estados de Goiás e Distrito Federal, entre as grandes cidades e o interior é um dos maiores desafios da atuação da Igreja no Centro-Oeste, regional criado em 1962, na dinâmica da renovação promovida pelo início do Concílio Vaticano II e no contexto de celebração do 10º aniversário da CNBB.

Segundo o presidente do Regional Centro-Oeste, dom Messias dos Reis Silveira, bispo da diocese de Uruaçu, a grande extensão geográfica impõe muitos desafios à atuação da Igreja na região. A falta de sacerdotes em várias dioceses é um deles.

Para o vice-presidente do regional dom João Wilk, bispo da diocese de Anápolis, os desafios que se apresentam diante dos bispos do Regional Centro-Oeste foram considerados do ponto de vista da realidade social e pastoral e dos programas estabelecidos seja pela Assembleia do Povo de Deus do Regional, expressos nas opções assumidas para o triênio 2016-2018.

Nesta região do Brasil, é muito forte a marca da religiosidade popular como um caminho de evangelização, com destaque para a devoção ao Divino Pai Eterno, cuja festa em julho é a segunda em número de visita de fieis no Brasil, entre outras. A questão social também é uma marca forte do regional. O trabalho da Comissão Pastoral da Terra (CPT) é um dos exemplos.

Grandes bispos marcaram a história do regional, como dom Tomás Balduino, que foi bispo de Goiás, tendo dedicado seu episcopado às causas sociais, de modo especial à Comissão Pastoral da Terra e às questões agrárias. Dom Antonio Ribeiro, falecido no último mês de fevereiro, por ter doado sua vida na defesa dos mais pobres. Dom Fernando Gomes dos Santos, falecido em 1985, foi um homem de projeção nacional, o primeiro arcebispo de Goiânia e o primeiro presidente do Regional Centro-Oeste. Ele conviveu com grandes figuras, como Dom Helder Câmara.

Bispos conciliares (da esq. para dir.), (4º), dom Benedito Coscia, (6º) dom Fernando Gomes, (7º) dom Antônio Ribeiro com os demais bispos do regional – Foto: Assessoria de Imprensa do Regional
Jornada Vocacional que reuniu 2000 pessoas em Brasília-DF, em maio 2017. Foto: Assessoria de Imprensa do Regional Centro-Oeste

Misericórdia, Vocação e Família: prioridades pastorais
Na Assembleia do Povo de Deus realizada em setembro de 2015, o Regional Centro-Oeste assumiu o compromisso comum de viver três propostas de ação para o triênio 2016-2018. Sendo, no primeiro ano (2016), foi Ano da Misericórdia, proclamado pelo papa Francisco.

O ano de 2017 está sendo dedicado ao Ano Vocacional Mariano, com o tema “A exemplo de Maria, discípulos missionários”, e o lema, “Eis-me aqui, faça-se”, em sintonia com o Ano Nacional Mariano, com o objetivo de fomentar as vocações pelo exemplo de Maria. O ponto alto desse ano foi a realização da Jornada Vocacional Regional, que aconteceu nos dias 6 e 7 de maio, em Brasília e reuniu mais de 2 mil jovens de todas as Igrejas particulares do regional.

2018 será o Ano da Família com o objetivo de fortalecer a pastoral familiar em todas as suas fases, à luz da Exortação Apostólica Pós-Sinodal, Amoris Laetitia. Este plano, segundo a presidência do regional, tem sido marcado por diversas atividades e também um tempo oportuno para a reflexão pastoral que permeia todas as atividades da Igreja.

Contexto do Concílio Vaticano 2º
O Regional nasceu no contexto de renovação promovido pelo início do Concílio Vaticano II e no tempo de celebração do 10º aniversário da CNBB, ocasião em que a entidade estabeleceu o Plano de Emergência, que tinha como um de seus objetivos descentralizar as atividades, ações e estruturas para estabelecer uma pastoral de conjunto.

O ato de criação do Regional Centro-Oeste se deu nos dias 2 a 5 de abril de 1962, na cidade do Rio de Janeiro, sendo a Ata da 5ª Assembleia Geral da CNBB sua “certidão de nascimento”. Dom Fernando Gomes dos Santos, primeiro arcebispo de Goiânia, foi também o primeiro presidente do regional.

Quando foi criado, o Regional Centro-Oeste era formado por todo o estado de Goiás, que naquela época correspondia aos atuais estados de Goiás e Tocantins e o Distrito Federal. Participava também do regional, o antigo estado de Mato Grosso somando sozinho 1.526.866 km².

Com a criação da nova capital do Brasil e a consequente criação da Arquidiocese de Brasília pelo papa João XXIII, em 6 de janeiro de 1960, desmembrada da Arquidiocese de Goiânia, a nova circunscrição eclesiástica não deixou de pertencer a este regional. Também pertence ao Regional Centro-Oeste, o Ordinariado Militar do Brasil desde que foi transferido para a nova capital Brasília. Ele foi previsto no Concílio Ecumênico Vaticano II, no Decreto Christus Dominus, de 28 de outubro de 1965.

O estado do Mato Grosso deixou o regional em 1964. A proposta de desmembramento foi apresentada em Assembleia da CNBB, considerando que o estado, antes de criação de Mato Grosso do Sul, era uma terra missionária necessitando de estrutura regional própria. Assim criou-se o Regional Extremo Oeste. Hoje Mato Grosso corresponde ao Regional Oeste 2 e Mato Grosso do Sul ao Regional Oeste 1.

Por último, em 2013, por ocasião da 51ª Assembleia Geral da CNBB, em Aparecida (SP), foi aprovada a criação do seu 18º regional. O desmembramento do Regional Centro-Oeste se deu por ocupar o estado do Tocantins, parte da região norte do estado de Goiás e pertencer à Bacia Amazônica, integrando-se assim à região da Amazônia Legal.

Atualmente, o Regional é composto por duas províncias eclesiásticas (Goiânia e Brasília) e pelas dioceses de Anápolis, Goiás, Formosa, Ipameri, Itumbiara, Jataí, Luziânia, Rubiataba – Mozarlândia, São Luís de Montes Belos e Uruaçu. O Regional Centro-Oeste tem como presidente, o bispo de Uruaçu, dom Messias dos Reis Silveira; vice-presidente, o bispo Anápolis (GO), dom João Wilk, OFM; e o secretário, dom Levi Bonatto, bispo auxiliar de Goiânia. O secretário executivo é o padre Eduardo Luiz de Rezende, CSsR. O regional está organizado em 11 Comissões Pastorais.

Com colaboração de Fúlvio Costa – Assessor de Imprensa do Regional Centro-Oeste da CNBB

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