Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta
Com o tema “Faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1,38), a 69ª Romaria ao Santuário Diocesano Nossa Senhora de Fátima, em Cruz Alta, no dia 11 de outubro de 2020, se insere na caminhada da Diocese deste ano, que quer incentivar as vocações. Será uma romaria diferente, não presencial. Devemos, infelizmente, acompanhar em nossas casas, pelos meios de comunicação. Nossa vida, como cristãos e como Igreja, somos chamados e enviados, ou como se disse tantas vezes, discípulos missionários. Tem a mesma lógica. Dificilmente haverá vocações, seja qual for, se não tivermos um caminho cristão, de pessoas que saibam que são abençoadas e acolhidas por Deus. Neste encontro com Ele, brotam todas as vocações, junto com os apelos da realidade. É um anúncio positivo que os jovens esperam da Igreja, pois temos um caminho que realiza a pessoa humana, superando o individualismo, na companhia de Jesus Cristo Ressuscitado. O encontro com Ele, com sua Palavra e a realidade, nos possibilita a que nos perguntemos: o que Deus quer de mim? O que posso fazer para que o mundo seja melhor? Então, todas as vocações tem a mesma dinâmica. É um sentir-se amado por Deus e acolhido, diante dele coloco-me com a pergunta mais importante de minha vida, por meio de sua Palavra. A minha vocação, seja qual for, será sempre uma resposta generosa a Deus, a serviço dos irmãos.
Este caminho vem responder a um desafio grande que estamos sentindo, em todas as vocações. A primeira vocação, a matrimonial, está diminuindo muito. Tantas vezes nos perguntamos: por que os jovens não procuram o sacramento para constituírem família? Claro, alguns dizem que existem custos altos, porém, se quiserem, isto não é necessário. Todas as paróquias oferecem esta possibilidade de matrimônios praticamente sem custos. Mas, o mais importante, é a compreensão do valor sacramental do mesmo. “O Sacramento do Matrimônio não é uma convenção social, um rito vazio… O matrimônio é uma vocação, sendo resposta ao chamado específico para viver o amor conjugal como sinal imperfeito do amor entre Cristo e a Igreja. Por isso, a decisão de casar e formar uma família deve ser fruto de um discernimento vocacional” (AL 72). Destas, de uma verdadeira e profunda iniciação à vida cristã, decorrem as outras duas vocações. Será bem mais fácil haver vocações sacerdotais e religiosas numa família que vive sua fé, que conhece e participa ativamente da Igreja. O ambiente também é importante. Sabemos que Deus pode ter outros caminhos também, como um retiro, um encontro, um serviço social, uma televisão ou rede social.
O que temos que fazer? Continuar a rezar pelas vocações. O projeto Cada Comunidade uma Nova Vocação já se consolidou. Vamos divulgar cada vez mais, na catequese, nas famílias, nos encontros e nos movimentos. Depois, é importante incentivar as vocações. Aqui devem estar, obrigatoriamente, em toda a Diocese, os responsáveis para falar, esclarecer, apresentar as vocações no seu projeto para servir e ser feliz. Os leigos e o padre aqui trabalham juntos. A caridade cria caminhos novos, todos os dias. E, finalmente, é preciso acompanhar os jovens. Temos bons grupos de jovens. Toda a comunidade deve estar próxima, acompanhar e apoiar no discernimento vocacional. Temos os responsáveis pelos grupos, os catequistas, o pároco e os pais.
Maria foi vocacionada do Pai para uma grande missão, ser a Mãe de Jesus Cristo. Não calculou se seria bom ou não para ela. O único critério que usou foi a garantia da Palavra que estava escutando. É Deus que me pede e isto basta. Por isso, disse: “faça-se”. É, ao mesmo tempo, uma entrega e uma oferta a Deus. Não entendeu tudo, mas entrega-se a Deus, na missão que ele lhe pedia.