12 de outubro é dedicado especialmente às crianças. Nesse mesmo dia, a Igreja no Brasil celebra a festa de Nossa Senhora Aparecida. As duas comemorações nos deixam

considerações coincidentes.

As páginas do Evangelho são muito claras sobre os ensinamentos de Jesus sobre os pequeninos. Os destinatários são os discípulos de Jesus chamados a continuar a missão do Mestre como anunciadores e realizadores da boa nova ao mundo, para que creia na Palavra de Deus e a coloque em prática, a fim de que encontre paz na convivência fraterna dos seres humanos.

O quarto entre os cinco grandes discursos, entorno aos quais gira o evangelho de Mateus, encontra-se no capítulo 18 e é endereçado principalmente aos discípulos. Não conhecemos com exatidão o momento histórico em que foi pronunciado. Marcos 9, 33-34, faz supor como contexto imediato a discussão dos discípulos sobre o lugar que cada um deles ocuparia no reino pregado pelo Mestre, aos quais confiaria a sua direção imediata. Parece que as questões sobre a precedência são velhas como a Igreja e como o próprio mundo.

Deixando de lado outros particulares, Mateus apresenta a cena como de purificação. Jesus manda aos discípulos fazerem-se como crianças. “Em verdade vos digo, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus”. Ao se exprimir assim, não pensa na proverbial inocência das crianças, mas principalmente em sua humildade. O pequenino não tem pretensões ambiciosas. Sabe ser pequenino, aceita-se como é, aceita a sua incapacidade diante da vida e a dependência dos pais para sobreviver. As crianças vivem na humildade, não têm de si menor estima, o que não seria humildade, mas reconhecem o que são. O homem teria talvez  necessidade de estimar-se menor do que é para ser humilde?

Se passarmos da família humana à cristã, a família de Deus, a argumentação adquire maior eficácia. O que é o homem diante de Deus? A humildade cristã é causada pela alegria de ser filho de Deus (cf Mateus 5, 3ss; 11,25).

A filiação divina requer conversão, como diz expressamente o versículo 3. As palavras de abertura do evangelho exigindo a conversão aplicam-se agora aos discípulos de Jesus. Os discípulos dirigentes da comunidade cristã devem comportar-se diante dela com humildade. O discípulo deve ser humilde de coração como o próprio Jesus.

Voltando ao dia da criança, penso na preocupação do consumismo. Tudo hoje é motivo para promover o comércio dos presentes! Mas é preciso não deseducar nossas crianças, criando nelas a ambição desmedida, o egoísmo, a inveja, o descontentamento, a falta de perdão e, sobretudo, a falta de solidariedade com os semelhantes mais sofridos. A educação começa muito cedo, desde o berço. Ninguém pode viver à parte, isolado, nem no possuir tudo, nem no nada ter. A beleza do mundo está na harmonia, na paz. Nosso Senhor faz grave advertência: “Ai do mundo por causa dos escândalos. É inevitável, sem dúvida, que eles ocorram, mas ai daquele que os provoca… Não desprezeis um só destes pequeninos!… O Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum deles.”

A outra comemoração deste dia é, para a Igreja católica no Brasil, a festa de Nossa Senhora Aparecida. Diz a história que, na segunda quinzena de outubro de 1717, três pescadores, Felipe Pedroso, Domingos Garcia e João Alves, ao lançarem sua rede para pescar nas águas do Rio Paraíba, no Estado de São Paulo, depois de várias horas de tentativas infrutíferas de pescarem peixes, colheram primeiramente uma pequenina imagem sem a cabeça e, logo distante cem metros, a cabeça da mesma imagem de Nossa Senhora da Conceição, no lugar denominado Porto de Itaguassu.

Felipe Pedroso levou-a para sua casa e a conservou consigo até 1732, quando a entregou a seu filho Atanásio. Este construiu pequeno oratório onde colocou a imagem da Virgem que ali permaneceu até 1743. Todos os sábados, a vizinhança reunia-se no pequeno oratório para rezar o terço. Devido à ocorrência de milagres, a devoção a Nossa Senhora começou a se divulgar, com o nome de Nossa Senhora Aparecida.

A lição do sinal que nos foi dado é a da humildade da imagem que nos faz descobrir as provas de amor que Deus nos reserva.

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