Desde o seu início, o ano de 2010 se apresenta com nítidas dimensões nacionais.  Um ano para nos defrontarmos com a situação do nosso país. Um ano para identificar os desafios que se atravessam no caminho do Brasil. E um ano para nos perguntar o que podemos fazer por ele.

As eleições serão em outubro. Para a presidência da República, governadores de Estados, Câmara Federal, e parte do Senado Federal.  Um voto complicado, que desafia nossa consciência de cidadãos. Desafia sobretudo nossa coerência política.  Pois na sua diversidade, estas eleições precisam traduzir uma proposta unitária e convergente de governo, que possibilite a  indispensável governabilidade,  para os eleitos que ficarão incumbidos de executar a vontade expressa pelas urnas. Assim deveria ser.

Pela sua complexidade, o voto deste ano exige uma atenção prévia.  A liberdade do eleitor precisa ser preservada até o momento de votar. Mas ela será  tanto mais garantida, quanto maior for o grau de informação do eleitor, e de reflexão pessoal para perceber qual o recado que ele quer dar com o seu voto.

Por isto, a preocupação com  as eleições de outubro deste ano, não pode ser deixada para a última hora, nem deve ficar aguardando o tempo da propaganda oficial. Até porque é só abrir os olhos e perceber  que a campanha já está sendo feita,  pela maneira como as diversas instâncias políticas fazem passar suas mensagens, aparentemente despretenciosas, mas contendo claros apelos eleitorais. E´  hora de termos mais sensibilidade política, até para neutralizar quem quer nos dispensar de termos opinião própria em assuntos de política.

A dimensão nacional do contexto político deste ano é acentuada pela crise por que passa hoje o mundo, na encruzilhada histórica em que nos encontramos. O mundo está dando claros acenos, para que o Brasil ocupe o seu lugar no cenário internacional. Um motivo a mais para neste ano nos perguntarmos pelos rumos que o Brasil está tomando e pelos apelos que a situação nacional nos apresenta.

Volta neste ano, com insistência, a pergunta que anos atrás motivou de maneira forte e insistente, sobre “o Brasil que nós queremos”.  Esta pergunta precisa ir nos acompanhando neste ano. E o voto que cada qual vai elaborar e definir, deveria traduzir a  resposta a esta pergunta, que aguarda uma resposta prática e concreta, em forma de que governo nós queremos.

O tamanho continental do Brasil, e a complexidade de seus problemas, colocam um desafio que se fará presente de maneira especial nestas eleições. Trata-se da coerência do voto. Já estamos habituados a ouvir que o voto precisa ser consciente.  Mas ele precisa ser também coerente.

Aí  está o desafio. A boa democracia ensina que o poder executivo precisa do apoio e da aprovação do poder legislativo para governar. Pois bem, em conseqüência, se eu voto num candidato a presidente, deveria votar em candidatos a senador e a deputado que estejam comprometidos a apoiar o candidato que escolho para presidente. Caso contrário, se ajudo a eleger um presidente, e ajudo a eleger candidatos que são contra ele, estou ajudando a complicar a vida do país, em vez de ajudar a governar o país.

Enquanto é tempo, e as eleições ainda estão longe, o momento é propício para nos defrontarmos com as provocações que o voto deste ano vai nos apresentar.

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