Comunidades discutem impactos da mineração

Representantes de comunidades quilombolas e indígenas de diferentes regiões do Brasil e integrantes do Movimento dos Atingidos pela Mineração estão reunidos desde segunda-feira, 8, na Casa de Retiro Assunção, em Brasília (DF), para discutir suas dificuldades frente ao avanço das atividades minerárias em seus territórios. O assessor da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Ari Antônio dos Reis, participa do evento.

Representantes das comunidades relataram no Encontro suas dificuldades e processos de resistência diante dos riscos e ameaças causados pelas atividades minerárias que se instalam nas proximidades de seus territórios. De acordo com padre Ari, as empresas mineradoras “não respeitam nem consideram a tradição cultural das comunidades e sua presença há muito tempo no território”. O assessor também aponta para a realidade de dificuldades de convivência com a atividade próxima aos locais onde vivem indígenas e quilombolas, além do uso da água. 

O novo Código da Mineração, em tramitação no Congresso Nacional, foi um dos assuntos abordados. A assessora do encontro, Juliana Malerba, contribuiu com o grupo relatando o impacto da norma sobre as comunidades. Os participantes estiveram presentes na tarde de hoje, 9, naaudiência pública na Comissão de Direitos Humanos no Senado Federal. Na ocasião, demonstraram seu posicionamento contrário ao projeto que é conduzido por parlamentares com interesse econômico na atividade.

Este é o segundo encontro sobre mineração com a participação da CNBB desde o início do mês. De 2 a 5 de dezembro, aconteceu também em Brasília o encontro “Igrejas e Mineração”, no qual pessoas de diferentes países da América Latina, colaboraram com as preocupações de suas populações quanto à atividade mineradora. Participaram religiosos, religiosas e leigos que tinham uma atividade pastoral em comunidades atingidas pela mineração.

O evento desta semana é voltado para o território brasileiro. O bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, conta que a entidade tem tomado a iniciativa de participar das ações, além de receber solicitações da sociedade para discutir com o governo sobre o tema. “Temos participado de diversas audiências públicas, juntamente a experientes membros do Comitê em Defesa dos Territórios frente à Mineração, para que não seja aprovado um novo código que priorize apenas os interesses da exportação e do capital, provocando graves prejuízos aos pobres e degradando o meio ambiente”, explicou.

O envolvimento da Conferência, de acordo com padre Ari, se dá de três formas. Com o apoio dado aos diferentes grupos afetados; no desafio de a Igreja estar mais atenta à questão da mineração; e na proposição de caminhos para diminuir os impactos da atividade econômica sobre as comunidades.

 

 

 

 

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