Conferência do Nordeste e Concílio Vaticano II são temas do Simpósio Ecumenismo e Missão

O segundo dia do 1º Simpósio Ecumenismo e Missão, promovido pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), pelas Comissões da CNBB para o Ecumenismo, Laicato e Ação Missionária, e pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, foi marcado por palestras sobre a Conferência do Nordeste e a dimensão ecumênica do Concílio Vaticano II. A iniciativa, que busca resgatar a história do movimento ecumênico no Brasil, acontece em Vargem Grande Paulista (SP), de 21 a 24 de agosto.

O pastor emérito da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, Zwinglio Motta Dias, falou sobre a Conferência do Nordeste, considerada como o primeiro evento organizado pelas instituições eclesiásticas protestantes para tratar das grandes questões sociopolíticas no período posterior à II Guerra Mundial. O evento ocorreu em 1962, em Recife (PE), e reuniu 167 representantes de 14 denominações. Ao falar sobre o seu significado nas disputas teológico-ideológicas para a realidade eclesiástica protestante do país, o pastor recordou que a Conferência introduziu os movimentos de juventude e de outros setores das igrejas evangélicas, no cenário político nacional. Zwinglio explicou que a Conferência do Nordeste tratou de temas vitais para a sociedade brasileira e ofereceu uma leitura bíblico-teológica da realidade humana capaz de induzir e sustentar uma nova perspectiva de compreensão da natureza da missão da igreja no Brasil.

Ainda sobre a Conferência do Nordeste, o pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco em Pernambuco, Joanildo Burity, citou eventos e documentos que a antecederam. “Fazemos memória para não corrermos o risco de esquecer. Acontecimentos mudaram a vida das pessoas e a memória ajudou a sustentar as mudanças”, disse. Buritty falou também sobre a fragmentação da geração ecumênica e de sua elaboração teológico-política. Apresentou como características da realidade atual a tensão mal resolvida entre “teologia social” e missiologia: “onguização” do movimento ecumênico, ecumenismo de cúpulas e descolamento eclesial; o impacto da pluralização: ideologias, identidades, diversidade religiosa, os impactos da globalização; o crescimento de carismáticos e neopentecostais pouco propensos ao diálogo.

Concílio Vaticano II
O outro tema em pauta, “Dimensão ecumênica do Concílio Vaticano II”, foi apresentado pelo padre Oscar Beozzo, do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação (Ceseep). O sacerdote abordou, de modo especial, a recepção e a atualidade no Brasil do documento conciliar Unitatis Redintegratio. Disse que o texto foi apenas um começo. “Precisamos dar passos concretos. Temos muito caminho a percorrer em favor da unidade”, afirmou.
Para Beozzo, “o Concílio mexeu com a Igreja Católica e com as outras igrejas cristãs e o primeiro impacto foi a unidade dos cristãos.

Entre as principais figuras que garantiram a dimensão ecumênica do Concílio, padre Beozzo citou o papa João XXIII. Lembrou também da presença de 168 observadores de outras igrejas cristãs, além de teólogos, peritos, leigos e mulheres.

Com informações e fotografia das Pontifícias Obras Missionárias

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